

Quando começou a interessar-se por arte, aos 20 anos, José Lima, um “sapateiro” que não pôde estudar porque a família não tinha possibilidades, nunca imaginou que hoje teria uma colecção superior a 30 milhões de euros.
Aos 73 anos, o homem, que se transformou num grande industrial do calçado, inaugura hoje, em São João da Madeira, onde vive, uma exposição que reúne 200 peças das mil do seu acervo, entre as quais obras de Vieira da Silva, Paula Rego, Julião Sarmento, Andy Warhol e Malangatana. Pinturas, esculturas, instalações e fotografias que reúne desde 1980, algumas nunca vistas pelo público, e que adquiriu aos próprios ou em leilões. Ainda assim, garante: “nunca me preocupou saber o valor da coleção”. “O que tenho não é pelo dinheiro, mas porque faz parte do meu espírito”, diz ao CM, não escondendo o desejo de ter a exposição num edifício seu.
Patente por seis meses na incubadora de artes Oliva, a exposição foi organizada por Miguel Amado, “com os pontos fortes da coleção”: ser “internacional”, ter “arte contemporânea e obras históricas”, “artistas ocidentais e de novas geografias” e um “colecionismo intensivo de cada artista”. No final, a mostra tem “obras que qualquer museu gostaria de ter”, assegura.