PEDRO PIMENTEL, O MUNDO É A SUA CASA

Pedro Pimentel«A alcunha Peter Pan foi inventada pelos amigos. Foi ficando pela minha constante criancice e resistência a crescer, continuando a perseguir os meus “castelos de areia” e sonhos de aventuras», explica Pedro Pimentel, naquela que será, talvez, a melhor definição da sua pessoa.

Seja então, Peter Pan para os amigos, para Pedro Pimentel, a aventura é a sua forma de vida. Conhecer, explorar, viver. Este português já esteve em cerca de 12 países. Paraquedista e fotógrafo, já fotografou dos lugares mais belos aos mais inóspitos do planeta. Engenheiro mecânico de formação, Pedro assume-se como um aventureiro, que adora o que a vida tem de maravilhoso para dar. O mundo é a sua casa.

Trabalhar no estrangeiro foi mais que uma oportunidade, foi sempre uma certeza para Pedro Pimentel. O português assume-se um «apaixonado por viagens e por outras culturas». Depois de ter passado quase seis meses fora de Portugal, a viajar pela América do Sul, «subitamente Portugal parecia demasiado pequenino», conta Pedro.

Pedro Pimentel  vive em Cardiff, no país de Gales. O próprio diz não ter sido escolha sua. «Penso que foi mais obra do “destino” do que opção própria.» Na altura estava em processo de se candidatar para trabalhar na Noruega e a namorada candidatava-se a trabalhos no Reino Unido. «O nosso plano era simples, o primeiro que arranjasse trabalho determinava para onde íamos. Ela arranjou trabalho no País de Gales e aqui estou desde então», conta.
Neste período em que já viveu fora do país, vários foram os projetos que Pedro Pimentel conseguiu desenvolver. Filho de fotógrafo, Pedro desenvolveu também o gosto pela fotografia e hoje dedica-se quase a 100 % a essa atividade. Passou de uma paixão a uma profissão. Contudo, não foi área que tivesse experimentado em Portugal com grande afinco. «Não sei se será justo fazer esta comparação, pois não pude experimentar em Portugal.»

Foi no País de Gales que a fotografia entrou em pleno na vida de Pedro. «Desde que vivo aqui que finalmente comecei a empurrar o meu projeto progressivamente para entrar no mundo da fotografia e vídeo profissional», diz Pedro.

As suas fotografias inserem-se na maioria em duas temáticas: a aventura e a viagem. Duas áreas que caracterizam o protagonista desta história. «Fotografar aventura e viagem exige muitos contactos e sobretudo uma flexibilidade de tempo e facilidade em viajar. Penso que teria sido difícil ter chegado tão depressa onde estou se estivesse em Portugal», confessa o fotógrafo.

Mais objetivos alcançados
«Em termos profissionais, na área da Engenharia penso que tive muita sorte pelo reconhecimento que me foi dado desde cedo na empresa onde trabalho. Esse reconhecimento conseguiu-me uma posição que sinto muito segura e caso desejasse ficar aqui eternamente, a minha progressão na carreira é algo quase garantido.»

Um sonho, trabalhar a partir de qualquer parte do mundo
Na área da imagem, Pedro Pimentel considera ter ainda um longo caminho a percorrer, «tanto de aprendizagem como de dedicação». Contudo, considera muito difícil desenvolver outra atividade quando se tem um trabalho a full-time ao mesmo tempo. Ainda assim, está nos seus planos fazer alguns trabalhos em Portugal. «Também gostava de começar a por um “pezinho” em Portugal com o meu trabalho de imagem, para que pelo menos o mercado comece a saber que eu existo e desenvolver algumas parcerias na área da imagem com jornais, revistas ou mesmo agências de publicidade. O meu sonho seria poder trabalhar a partir de qualquer parte do mundo. Com o meu material de imagem, um computador e uma ligação à internet. Se conseguisse isso, era um homem 300 % feliz.»

O bom de viver no País de Gales
«Bom é encontrar amigos que realmente se encaixam nos nossos padrões e que me surpreendem pela sua capacidade de serem tão diferentes num país em que as pessoas têm uma componente social muito menor, ou diferente, da nossa forma de fazer amigos e conviver.»

O menos bom de viver no País de Gales
«O pior de tudo foi quando me separei da minha namorada e realmente precisava de alguém em presença física com quem falar e esse tipo de amigos não abundava em meu redor. A bem dizer, ainda não abunda. Mas às tantas o problema também é meu.»

Portugal e as saudades
«Família e amigos, sem quaisquer duvidas! Mas se falarmos de algo que seja mais papável…  PASTÉIS DE NATA!»
Se pudesse escolher, Pedro trabalharia em Portugal, mas «nunca com base permanente. Penso que quando se viajou um bocado é difícil regressar às origens e não voltar a partir. Acredito que existe uma linha a partir da qual passamos a ser um cidadão do MUNDO e não unicamente da nossa pátria.»
Pedro sente que, neste momento, talvez não conseguisse em Portugal uma situação que o satisfizesse. «As noticias que chegam pela boca da nossa geração, e mesmo outras, não são as melhores. E tenho a ideia que para conseguir algo similar teria de criar o meu próprio negócio e neste momento ainda não encontrei os parceiros certos, a ideia certa ou ainda não me sinto preparado para esse compromisso e dedicação. Mas estou de olhos abertos e nunca se sabe o que vem ao virar da esquina. Às tantas já vem a caminho.»

De Portugal para Cardiff
«De Portugal para Cardiff, e provavelmente para qualquer outro país do mundo, levaria a nossa simpatia, os nossos hábitos sociais e capacidade de conversar, a casa dos meus pais, a minha irmã e provavelmente uns quantos caixotes de livros que tive de abandonar até um dia… Adoro livros!»

De Cardiff para Portugal
«De Cardiff para Portugal levaria a minha empresa para poder trabalhar nas mesmas condições, e já agora escolhia a localização! Levava também alguns bons amigos que, entretanto, fiz e que sei que me vai custar muito deixar, porque demoraram a conquistar da forma que nos começa a encher. E ainda acrescento o verde deste país na primavera (deixava a chuva, embora acho que um sem o outro não iam funcionar!), as montanhas e algumas das praias lindíssimas que por esta zona se podem encontrar.»

Na lista de objetivos de Pedro a curto prazo não se encontra um regresso a Portugal. «Neste momento, não consigo ver uma possibilidade de isso acontecer. Ainda que quando me mudei para cá pretendesse que isto fosse apenas uma experiência de uns três ou quatro anos. Já lá vão três e sei que neste momento não é a melhor altura de voltar.»

Antes do regresso, há outros sonhos que vão tomando forma. «Tenho o sonho de me mudar para Chamonix, por causa da minha atividade como fotografo e paixão pela montanha… Sou fanático pelas montanhas mais lindas do mundo! Acho que, se tivesse de parar “permanentemente” num único sítio, seria lá. Mas neste momento estou a avaliar uma mudança para a Austrália. Ainda é muito cedo para dizer que vai realmente acontecer, mas nas condições certas poderia ser uma experiência um pouco mais solarenga e bastante interessante. O mais difícil seria sem dúvida a distância.»

Mais do que tudo é um Coração Luso
“Penso que sou um observador divertido. Sou, sem qualquer dúvida, um coração luso pela forma como me movo, apresento e existo, mas há muito que me considero mais um cidadão do mundo do que qualquer outra coisa.”