
Lagos, Nigéria, 11 jul 2025 (Lusa) – O Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou hoje a suspensão de assistência alimentar e nutricional a vários países africanos devido à falta de financiamento da agência, nomeadamente por causa dos cortes na ajuda externa dos Estados Unidos da América.
De acordo com o alerta desta agência das Nações Unidas, a suspensão das operações já está em curso na Mauritânia, Mali e República Centro-Africana, onde os ‘stocks’ alimentares “só deverão durar algumas semanas”.
A distribuição de ajuda já foi também significativamente reduzida nos campos de refugiados nigerianos nos Camarões, lamentou o PAM.
“Estamos a fazer tudo o que podemos para dar prioridade às atividades mais vitais, mas sem um apoio urgente dos nossos parceiros, a nossa capacidade de resposta diminui de dia para dia. Precisamos de financiamento contínuo para manter o fornecimento de alimentos e a esperança viva”, declarou a diretora regional do PAM, Margot van der Velden, à agência Associated Press.
Para a agência da ONU, a decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de cortar os fundos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na siglaem inglês) e o financiamento vital às Nações Unidas deixou muitas agências humanitárias em dificuldades para sobreviver.
Calcula-se que milhões de pessoas sejam afetadas de forma imediata, incluindo 300.000 crianças na Nigéria em risco de “desnutrição severa”, o que eleva o risco de morte, segundo dados do PAM.
O Comité Internacional de Resgate (IRC, na sigla em inglês) indicou este mês que houve um aumento de 178% nas admissões em internamento nas suas clínicas entre março e maio no norte da Nigéria, onde 1,3 milhões de pessoas dependem da ajuda do PAM.
Os deslocados no Mali não recebem alimentos de emergência desde junho, precisamente no início do período em que a produção alimentar atinge os níveis mais baixos no Sahel.
Apesar da contínua chegada de refugiados provenientes do Darfur do Norte, devido ao conflito em curso no Sudão, os fornecimentos de emergência no Chade só deverão durar até ao final do ano.
O Níger enfrenta uma suspensão total da ajuda alimentar até outubro.
Estes países já estão mergulhados em crises humanitárias agravadas por ataques constantes de diversos grupos terroristas, que provocaram milhares de mortos e milhões de deslocados, segundo a ONU. Os ataques são ainda intensificados pelas alterações climáticas, que têm afetado as colheitas e fragilizado as economias de vários países do continente.
O PAM afirma precisar de 494 milhões de dólares (cerca de 423 milhões de euros) para cobrir as operações na segunda metade de 2025, mas os fundos estão completamente esgotados, forçando a organização a dar prioridade aos grupos mais vulneráveis.
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