Oxford Economics baixa previsão de crescimento de Moçambique em 2026 para 2,5%

Londres,08 dez 2025 (Lusa) – A consultora Oxford Economics prepara-se para baixar a previsão de crescimento da economia de Moçambique no próximo ano, de 3,8% para 2,5% devido à provável consolidação orçamental e ao declínio programado da produção de gás em 2026.

“O crescimento será limitado devido aos esforços de consolidação orçamental, que um novo programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) provavelmente reforçará e, ao mesmo tempo, os trabalhos de manutenção programados no projeto de gás natural liquefeito flutuante Coral Sul também resultarão num declínio temporário na produção de gás natural e condensado, pelo que é provável que reduzamos a nossa previsão de crescimento real do PIB para 2026, de 3,8% para 2,5%”, dizem os analistas.

Numa análise enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, o departamento africano desta consultora britânica desce também a previsão de crescimento para este ano, de 1,8% para 1,4%, no seguimento da quebra de 1,9% na atividade económica nos três primeiros trimestres deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

“As perspetivas económicas para o próximo ano são ligeiramente mais favoráveis, graças à melhoria da estabilidade política e do sentimento, o que ajudará a uma recuperação contínua no setor dos serviços, enquanto o aumento do investimento e do crescimento da construção relacionados com o desenvolvimento de projetos de GNL também impulsionarão o crescimento”, escrevem os analistas.

Neste trimestre, concluem, os números deverão piorar por efeitos conjunturais: “Há um efeito agrícola sazonal no quarto trimestre, pois é o trimestre de escassez antes da colheita, o que normalmente resulta num declínio trimestral, mas apesar disso esperamos que a economia registe um grande salto no crescimento anual no quarto trimestre de 2025 devido aos efeitos de base dos distúrbios pós-eleitorais no quarto trimestre de 2024”.

A atividade económica em Moçambique recuou 0,85% no terceiro trimestre, em termos homólogos, acumulando um ano de quedas consecutivas, segundo dados do banco central.

“A queda da atividade económica no terceiro trimestre de 2025, medida pela variação anual do Produto Interno Bruto (PIB), continua a refletir os efeitos da tensão pós-eleitoral, com maior impacto sobre os setores secundário e terciário; na ótica da despesa, a contração do PIB resulta sobretudo da redução do investimento e do consumo privado”, refere uma nota do Banco de Moçambique, citando dados do Instituto Nacional de Estatística.

A economia moçambicana já tinha registado uma contração de 5,68% no quarto trimestre de 2024, período de forte contestação às eleições gerais de 09 de outubro desse ano, seguindo-se ainda quedas de 3,92% e 0,94%, respetivamente, no primeiro e segundo trimestres deste ano.

O Governo moçambicano admite um cenário financeiro “substancialmente mais adverso” face ao previsto na proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2026, cortando as previsões de crescimento para 1,6% este ano, assim como as receitas esperadas em 2026.

“Projeta-se uma recuperação do crescimento económico para 2,8% em 2026, face à previsão de 1,6% para 2025, sustentado principalmente pela expansão do setor de serviços, crescimento das exportações de Gás Natural Liquefeito (GNL), bem como pelo dinamismo do setor agrário e investimentos significativos do setor de energia”, de acordo com a proposta orçamental do Governo para 2026.

Na lei do PESOE de 2025 – aprovada apenas em maio, devido às eleições gerais de outubro de 2024 – o Governo previa um crescimento económico de 2,9% este ano (1,9% em 2024).

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