
Nações Unidas, 07 nov 2025 (Lusa) — O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, apelou ao respeito pelo cessar-fogo no Líbano, após as forças de Israel terem bombardeado alegados alvos do grupo xiita Hezbollah no sul do país.
“Instamos mais uma vez as partes a respeitarem a cessação das hostilidades e a absterem-se de qualquer ato ou atividade que possa pôr em risco a população civil”, disse na quinta-feira Farhan Haq, porta-voz de Guterres.
O exército israelita anunciou ataques contra alvos do Hezbollah no sul do Líbano, após o grupo xiita reivindicar o direito à defesa e rejeitar negociações entre Beirute e Telavive.
De acordo com o Ministério da Saúde libanês, os ataques aéreos fizeram pelo menos um morto e oito feridos na cidade de Tora.
O porta-voz de António Guterres confirmou que a ONU recebeu “relatos de ataques aéreos israelitas no sul do Líbano, incluindo na área de operações” da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL).
Num outro comunicado, a FINUL, que termina o mandato em 2026, após quase cinco décadas no terreno, exigiu que Israel “cesse imediatamente” os ataques realizados no Líbano e alertou que poderiam “comprometer o progresso arduamente conquistado”.
O Presidente libanês, Joseph Aoun, acusou Israel de responder com agressão à sua disponibilidade para negociações.
“Quanto mais o Líbano expressa a sua disponibilidade para negociações pacíficas, a fim de resolver as questões pendentes com Israel, mais Israel continua a sua agressão contra a soberania libanesa”, criticou o dirigente libanês.
Por sua vez, o exército libanês afirmou que estes ataques fazem parte de “uma continuação da estratégia destrutiva de Israel”, com o objetivo de “minar a estabilidade do Líbano, ampliar a devastação no sul [do país], perpetuar a guerra e manter a ameaça contra civis”, além de impedir a conclusão do destacamento de tropas libanesas para a região da fronteira entre os dois países.
Nesse sentido, sublinhou “uma estreita coordenação” com a FINUL, com a qual mantém uma relação caracterizada por um “elevado grau de confiança e cooperação”.
Os militares israelitas reivindicaram ataques contra depósitos de armas e instalações da Força Radwan, unidade de elite do grupo xiita, que anteriormente tinha declarado o seu “direito legítimo” à defesa e oposição a negociações diretas entre Beirute e Telavive.
Numa carta aberta à população e líderes libaneses, o Hezbollah justifica a recusa do diálogo com a a alegada tentativa de Israel de arrastar o Líbano para um acordo que “não serve o interesse nacional”.
O Hezbollah integra o chamado eixo da resistência apoiado por Teerão e envolveu-se em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, em apoio do aliado palestiniano Hamas.
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