ONG defende que Maduro responda na Justiça por 25 mortes de detidos desde 2015

Caracas, 07 dez 2025 (Lusa) — O Observatório Venezuelano das Prisões defendeu hoje que o governo de Nicolas Maduro tem de responder judicialmente pelas 25 mortes sob custódia do Estado, contabilizadas por aquela organização desde 2015.

Numa publicação partilhada nas redes sociais, a organização não-governamental (ONG), considerou que “em 26 anos, o regime transformou as prisões em centros de tortura, onde a sua política é submeter os detidos a tratamentos cruéis, degradantes e desumanos, isolamentos prolongados, sem acesso a defesa privada e qualquer assistência médica”.

A publicação do Observatório Venezuelano das Prisões foi partilhada no dia em que se soube que o ex-governador do estado de Nueva Esparta, Alfredo Díaz, considerado preso político pela oposição venezuelana, morreu na prisão onde estava detido. De acordo com o governo da Venezuela, Alfredo Díaz morreu vítima de ataque cardíaco.

Para a ONG, o governo de Maduro é “o responsável pelas mortes”, de pessoas que “foram detidas de forma arbitrária”.

“No Observatório Venezuelano das Prisões perguntamo-nos: em que Governo morreram tantos presos políticos sob custódia do Estado?”, lê-se na publicação hoje partilhada.

Os Estados Unidos da América condenaram “a natureza vil do regime criminoso” de Nicolás Maduro, após a morte do ex-governador venezuelano, denunciando as condições em que estava detido “no centro de tortura de Maduro” em El Helicoide, como é conhecida a sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN), em Caracas.

A declaração norte-americana surge num momento de tensões crescentes entre os Estados Unidos e a Venezuela, após o envio de tropas norte-americanas para o Mar das Caraíbas, alegadamente para combater o narcotráfico. Caracas vê a situação como uma “ameaça” destinada a provocar mudança de regime.

Os líderes da oposição na Venezuela, María Corina Machado e Edmundo González Urrutia, denunciaram um “padrão contínuo de repressão estatal”, lembrando que sete presos políticos já morreram na prisão após as eleições presidenciais de 28 de julho de 2024.

Machado e González Urrutia defenderam que a vida e integridade de Alfredo Díaz eram “responsabilidade exclusiva “daqueles que o mantinham arbitrariamente sequestrado” em El Helicoide, e descartaram que a sua morte tenha sido “normal”.

Membro do partido Ação Democrática e ex-vereador, Alfredo Díaz foi detido em novembro de 2024 após questionar os resultados das eleições presidenciais, nas quais Nicolás Maduro foi reeleito e que a oposição considerou fraudulentos, e denunciar a crise energética no estado de Nueva Esparta.

JRS (JML)// APN

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