O “WATCHDOG” ESTARÁ INFETADO?

Correio da Manhã Canadá

Para quem não sabe, a expressão “WatchDog” é atribuída aos órgãos de comunicação social. Este grande “cão de guarda” é uma metáfora para o papel da imprensa como um fórum de discussão, investigação, um adversário ao monopólio do poder e da política. Os media são o quarto poder, seguido dos três poderes instituídos no nosso Estado Democrático (Legislativo, Executivo e Judicial).

O que nos leva à primeira reflexão: sem o jornalismo que investiga factos políticos e autoridades, verificando, assim, a validade das suas ações e declarações, a que fica o público entregue?

E por isso, a mensagem do presidente da CHIN Radio (publicada na edição deste jornal) não deixa de levantar algumas preocupações a todos nós, seja pelo possível encerramento de centenas de jornais, rádios, televisões… seja pelo facto de a maioria serem meios que protegem a multiculturalidade (como é o caso desta rádio multilíngue).

Por detrás desta crise económica nas receitas da imprensa, está a pandemia de Covid-19.O que não deixa de ser curioso é que a causa de um possível encerramento destes espaços é também a fonte que os alimenta diariamente. Se não fosse através das notícias, como saberiam as pessoas o que é a Covid-19? Quais os efeitos na saúde da população? Quais as recomendações dos governos e delegados de saúde? Quais os setores mais afetados pela pandemia no mundo? Quantos órgãos de comunicação vão encerrar devido à quebra nas receitas?

Esta última pergunta carece de resposta. Para já. As projeções apontam para quebras brutais nos próximos três anos nos media tradicionais (jornal, televisão e rádio). Como consequência, estão em risco os postos de trabalho de milhares de profissionais.

As estações de índole multicultural “são as mais vulneráveis” em contexto de pandemia. Ainda é cedo para falar em censura, mas se calhar já é tarde para falar em representatividade cultural e sociológica. Encerrar não é solução.

Cada vez que se fecha uma porta,fecha- se também a pluralidade social. E sem o conhecido “quarto poder”, fica em risco a democracia, a informação e a verdade.

E uma verdade “infetada” nunca corre bem. Esperemos que as projeções estejam erradas e que uma vacina milagrosa “cure” o risco desta possível decadência na imprensa.