

O uso do Food bank (banco de alimentos) em Alberta, no ano passado, foi mais que o dobro da média nacional. A informação vem num relatório nacional, e não constitui surpresa, pois o uso do ‘Food Bank’ de Calgary tem vindo a aumentar nos últimos seis meses.
O aumento de preço dos alimentos, a habitação menos acessível, a falta de trabalho, e a neve pesada que caíu no mês de Setembro na província, contribuíram para uma subida da procura (só Calgary atinge 10 por cento), criando momentos ainda mais difíceis para quem já está a lutar financeiramente.
“Hunger Count 2014”, um relatório completo sobre fome e o uso dos bancos alimentares (ou bancos de alimentos) em todo o país, mostrou pouca mudança, ou até uma diminuição da necessidade do seu uso no este do Canadá e ‘Marítimes’. Mas o oeste, incluindo Alberta, mostra um quadro muito mais gritante. ‘Northwest Territories’ e ‘Saskatchewan’ mostraram percentagens de 32 e 19 respetivamente. A média nacional foi de 1,0 por cento e o aumento em Alberta foi de 2,3 por cento.
“Há várias razões para o aumento da procura”, disse Shawna Ogston, porta-voz do ‘Food Bank’ de Calgary que ajudou no ano passado 130.000 famílias de todos os quadrantes. “O custo de vida em Calgary e Alberta subiu muito. E a comida é a primeira coisa que as pessoas cortam, porque o aluguer não é negociável… Na segunda semana de Setembro, caíu cerca de 30 centímetros de neve pesada em Calgary, cortando a energia a milhares de casas. Cerca de 2.000 não tiveram eletricidade durante vários dias e as pessoas foram obrigadas a deitar fora alimentos”.
Ogston disse que muitas familias jovens, que aguardam na fila pelo seu cabaz de alimentos, lamentaram estar à espera ainda da ajuda do governo após as perdas financeiras com a inundação devastadora de 2013. Alguns dessas familias são trabalhadores sazonais que foram mandados para casa por não haver trabalho suficiente, enquanto outros são desses que se deparam com um aluguer de casa que não conseguem pagar.
Katharine Schmidt, diretora-executiva de ‘Food Banks’ do Canadá, concordou que a procura pelos bancos de alimentos em Alberta é alta porque a evolução da província tem arrastado também consigo a carestia de vida. Embora se tenha criado uma série de trabalhos, também se aumentou a carestia de vida. E a percentagem de famílias jovens em Calgary também é muito elevada.
Schmidt acrescentou que noutros lugares do Canadá o mercado de trabalho tambem é muito difícil, levando a uma procura muito grande dos bancos alimentares. “A combinação infeliz de empregos de baixa remuneração, o suporte inadequado aos desempregados, e uma falta de oportunidade de formação para os canadianos, são razões que mantêm o uso dos bancos de alimentos perto de níveis recordes”.
O relatório ‘HungerCount2014’ sobre os bancos alimentares do Canadá apresenta uma série de recomendações para os governos em todo o Canadá, incluindo o investimento na habitação de preços acessíveis, o suporte eficaz para famílias de baixo rendimento, o combate à insegurança alimentar no norte do Canadá, e um apoio mais eficaz na assistência social às famílias com crianças. “É hora de esperar que as coisas melhorem. É hora de começar a agir para fazer investimentos reais em políticas que reduzam a necessidade dos bancos de alimentos”, concluíu a diretora-executiva de Food Banks do Canadá.
Fonte da noticia: Vancouver sun