O QUE VAI SER DA CITY?

O Reino Unido decidiu sair da União Europeia, mas, pelos vistos, ninguém preparou os passos seguintes com determinação e objetividade. Pelo que se assiste, cada dia é um dia e parece não haver pressa na resolução deste caso. De facto, o projeto europeu não foi pensado para ver sair os seus membros, antes pelo contrário, tudo está montado no sentido de se estudarem e filtrarem as entradas.

Quando tudo começou eram 6 países. Hoje são 27, já sem contar com o Reino Unido. Mas outros espreitam a oportunidade de entrarem e fazerem parte dessa União. A Europa é o símbolo da estabilidade e da cultura, a parte do mundo que dita equilíbrios depois dos abalos beligerantes que determinaram as novas regras mundiais. E é precisamente desse espaço que o Reino Unido decidiu separar-se, embora agora se aperceba das dificuldades onde se meteu.

O governo de David Cameron demitiu-se e a sua substituta como primeira ministra é pressionada a demitir-se por não ter sido eleita pelo voto do povo. Bruxelas não tem como expulsar o Reino Unido, nem é isso que se pretende, uma vez que cabe aos britânicos acionarem os mecanismos conducentes à saída. Cabe ao Governo britânico essa decisão e Cameron deixou a batata quente nas mãos da sua sucessora, Theresa May. Entretanto, os principais líderes que influenciaram a saída do RU da União Europeia já se demitiram e para já tudo parece incrédulo com o sucedido, pois a promessa de referendo feita há 3 anos foi aproveitada para discussão e debate político, sem se acautelarem as consequências reais desta atitude.

Todos sabem e reconhecem que o Reino Unido é uma potência mundial, com grandes responsabilidades ao nível da ordem internacional. Tudo isso vai manter-se tal como a orientação atlântica que sempre norteou as gerações britânicas. Mas pelo que se assiste, as novas gerações não se identificam apenas com essas orientações e preferem uma maior e melhor integração no contexto europeu. A par disso, os escoceses que, recentemente, ponderaram virar costas à Inglaterra, voltam a colocar esse tema à discussão, pois parece preferirem a integração no espaço da União Europeia do que continuarem como desde há 300 anos a fazerem parte do Reino Unido.

Portanto, estamos perante separações e divórcios cujas consequências são imprevisíveis e que ninguém arrisca a quantificar. Apenas todos estão de acordo de que a saída do RU do seio europeu deve acontecer sem pressas para não gerar desequilíbrios e conflitualidades. Isto, apesar de um ou outro comentário menos ponderado que possa surgir ao nível do Parlamento Europeu, ou Comissão Europeia.

Mas de uma coisa estamos certos: todo o mundo vai sentir esta separação tendo em conta que os mercados são globais e há negócios financeiros que podem vir a ser deslocalizados. Londres será sempre uma grande praça financeira, mas continuará com a mesma força e dimensão? Há milhões de pessoas que trabalham na City nos serviços financeiros e relacionados e tudo isto pode mudar a médio prazo com a transferência de negócios que preferem o espaço da União Europeia e do Mercado Comum.

A Direção