O MODERADOR DO MUNDO

Uma eleição é uma eleição, mas nem todas as eleições são iguais e, por vezes, os eleitos chegam aos cargos a que se candidatam sem saber como e porquê. Este ano o mundo vai conhecer quem será o próximo secretário geral das Nações Unidas que, a 1 de janeiro de 2017, substituirá Ban Ki-moon no cargo e que na ocasião completará os dois mandatos, de cinco anos cada, para que foi eleito.

Antes de se saber a lista dos candidatos que se vão perfilar para ocupar esse cargo e sujeitarem-se a uma complexa escolha, sempre sujeita e subordinada a muito lobbying, sabe-se à partida que já existem pressões para que seja alguém proveniente do Leste da Europa e de preferência do género feminino.

Apesar deste perfil já traçado, o português António Guterres é candidato oficial e tem o total apoio do Governo de Lisboa e do futuro Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para esta corrida ao mais alto cargo do sistema das Nações Unidas. Todo o corpo diplomático acreditado na capital portuguesa está informado, bem como as embaixadas portuguesas espalhadas pelo mundo, como forma de começarem a influenciar a candidatura. Toda a diplomacia portuguesa está a trabalhar sob o lema “a esperança é a última a morrer”, tendo em conta o perfil previamente traçado para o novo eleito.

António Guterres foi, até ao final de 2015, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Desempenhou o cargo numa época difícil, precisamente quando o continente europeu conheceu a maior vaga de refugiados desde a segunda guerra mundial. Experiência, conhecimentos e capacidades não lhe faltam. O que precisa é de força e apoios internacionais para chegar à cadeira do “moderador do mundo”, cargo assim designado pelo antigo presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt.

Ser secretário geral das Nações Unidas é ter a responsabilidade pela manutenção da paz e da segurança mundial. A ONU tem sede em Nova Iorque e foi criada em 1945, após a guerra mundial, com o desígnio de promover a cooperação internacional. Substituiu a Sociedade das Nações que não foi eficaz ao ponto de não ter travado uma guerra à escala mundial, com as horríveis consequências que a humanidade conhece. Atualmente a Organização das Nações Unidas é constituída por 193 membros, mas não são todos iguais.

O Conselho de Segurança é composto por 15 membros, cinco dos quais permanentes e com direito a veto (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) e outros 10 membros temporários com mandatos de dois anos. O atual secretário geral é sul coreano e os anteriores foram oriundos do Gana, Egito, Peru, Áustria, Birmânia, Suécia e Noruega. Dirigir este mundo não é tarefa fácil, mas é coisa que, afinal, pode estar ao alcance de um português. Basta contrariar as tendências e apostar forte na diplomacia.

A Direção