O IRAQUE AINDA MEXE

Como seria o mundo hoje se o Iraque não tivesse sido ocupado e condenado à morte o seu presidente, Saddam Hussein? Foi em 2003 que tudo isto aconteceu e 13 anos depois, um relatório sobre a participação britânica na guerra de ocupação do Iraque acusa de forma clara e severa o então Primeiro Ministro, Tony Blair, por se ter precipitado e acreditado em dados pouco credíveis e fundamentados e que conduziram à guerra.

Essa guerra durou 21 dias, mas deixou resquícios para os anos seguintes. Sob o lema de guerra global contra o terrorismo, a única missão visível foi derrubar o regime de Saddam Hussein, com a
alegação de que teria em seu poder armas de destruição massiva e que nunca se veio a confirmar. Apesar de muitos apoios, apenas quatro países enviaram tropas: Estados Unidos e Inglaterra em grande força; e Austrália e Polónia com presença residual.

A ocupação foi também justificada como uma verdadeira consequência do 11 de setembro de 2001 e os atentados às torres gémeas, em Nova Iorque. George W. Bush tudo fez para reunir consensos no processo de ocupação e posterior acompanhamento da nova gestão e preparação de um novo Iraque.

Tudo foi feito em nome da libertação do povo iraquiano e em todo o mundo tornou-se hábito ver a guerra em direto através da TV. Todos os dias aparecia o ministro iraquiano dos Negócios Estrangeiros, Tarik Aziz, a ameaçar as forças ocupantes e a anunciar vitórias sucessivas, quando todos sabíamos que as tropas invasoras já estavam às portas de Bagdad. Tarik Aziz era cristão católico praticante num governo muçulmano e aparentava alguma tolerância.

Os Estados Unidos ocuparam o Iraque durante oito anos e pelo meio conseguiram capturar e matar Saddam Hussein. Quando retiraram, deixaram um País destroçado, com liderança frágil e duvidosa e com futuro muito incerto. Imediatamente, eclodiram vários tipos de violência, opondo etnias e religiões e que contagiaram outros países daquela zona do mundo.

As forças que entraram no Iraque não souberam sair. Provou-se que não se acabou com o terrorismo, antes pelo contrário. Os conflitos começaram a espalhar-se por todo o mundo e a insegurança está, hoje, presente em qualquer rua da cidade mais pacata que se possa imaginar. Todos lamentam e apenas desejam que os problemas nunca aconteçam próximo das nossas portas e longe da família.

Não há mais católicos no poder muçulmano. A instabilidade gerou milhões de refugiados que procuram estilos de vida mais dignos e, naturalmente, assistimos que outras etnias e religiões venham ocupar o poder no mundo cristão. Passados 13 anos da invasão iraquiana, o mundo está diferente e para pior.

A Direção