O ESCURINHO E O CLARINHO

O futebol, que tantos adoram e que outros odeiam, tem leis próprias e universais. Quando se pede fair-play no Cazaquistão, o mesmo se passa na Nigéria ou nos Estados Unidos.
Embora possa haver mais influência de uma ou outra Federação sobre as decisões do futebol, o certo é que este mundo pode servir de exemplo aos políticos e demais atores que atuam na esfera sócio política.

O racismo tem sido atacado nos estádios de futebol em todo o mundo e, bem ou mal, tem havido sanções para os prevaricadores e a moral sobrepõe-se à ofensa.

Em Portugal passam-se coisas curiosas e neste âmbito a mais recente aconteceu no passado sábado em Lisboa, quando o secretário-geral da CGTP – Intersindical, Arménio Carlos, falava aos professores que se manifestavam, de acordo com a sua convocatória.

Criticando sempre a política do Governo, a dado passo, referiu-se à presença da Troika (FMI, BCE e UE) em Portugal num tom menos assertivo e caracterizou o chefe da missão do FMI para Portugal, Abebe Selassie, como o “escurinho”. Dos manifestantes não surgiu qualquer reparo ou crítica face à expressão infeliz do líder da CGTP. Mas nas redes sociais começaram a aparecer algumas acusações e houve mesmo quem sublinhasse que com uma expressão daquelas, Arménio Carlos só passará ileso porque é comunista.

Arménio Carlos, entretanto, defende-se afirmando que as suas declarações foram feitas “em contexto político”. Mas como diz o povo, de boas intenções está o inferno cheio. Seja em que contexto for, a caracterização feita a Abebe Selassie foi infeliz, despropositada, fora de qualquer contexto. Se em público Arménio Carlos classificou-o de “escurinho”, como será na sua roda de amigos? E como agirá Arménio Carlos se um dia o presidente norte-americano for até Lisboa?
E por falar em Lisboa, como passará a ser a relação entre Arménio Carlos e o presidente da capital portuguesa, António Costa?

Como a CGTP parece querer viver noutro mundo, nunca acontecerá nada. Mas aos manifestantes que acompanham estas lutas aconselha-se mais atenção e fair play, tal como nos campos de futebol.

A Direção