O CUMPRIDOR DE PROMESSAS

Nunca na História dos Estados Unidos se tinha assistido a uma realidade destas: o Presidente eleito não chegou a ter um minuto de graça ou de tolerância. Vamos com 15 dias de nova Administração e Donald Trump não dá descanso a ninguém com as novas medidas e decisões políticas. Uma parte considerável do povo norte americano e outra do resto do mundo não param de o criticar, ao ponto de o ex-Presidente Barack Obama ter já vindo a público, apenas 10 dias depois de ter deixado o cargo, para lançar fortes críticas e avisar toda a nação que os valores da América estão ameaçados.

As reclamações não se ficam pelos Estados Unidos. Há protestos de todo o lado do mundo e com especial incidência e de consequências políticas ainda imprevisíveis, vindos dos principais parceiros e aliados de toda a vida. Para além do silêncio da Rússia, somente os grupos terroristas árabes consideraram positivas algumas decisões da nova Administração norte americana.

As restrições impostas à entrada de cidadãos de sete países árabes já foram classificadas pelos grupos islâmicos extremistas como a proibição abençoada. No exterior da América, estes parecem ser os primeiros aliados que Trump arranjou, não se sabendo onde estão e de onde lançam estas informações. A grande certeza é que os terroristas envolvidos nos atentados às torres gémeas, na famigerada data de 11 de setembro, eram provenientes da Arábia Saudita e do Egito. Dois países que a par dos Emiratos Árabes Unidos não são incluídos nas restrições agora impostas por Donald Trump.

As novas medidas impostas por Donald Trump são incompatíveis com a legislação europeia. Apenas o Reino Unido se manteve mais reservado nas críticas e Trump soube aproveitar isso para criar mais atritos entre britânicos e os restantes europeus. No entanto, os ingleses já lançaram uma petição, que será apreciada obrigatoriamente pelo Parlamento, tendo em vista o cancelamento da visita de Trump a Londres.

Há quem critique a nova Administração por ausência de consistência política. Tudo está a ser feito como se de um reallity show se tratasse. Trump mostra-se ao mundo a assinar as suas decisões e exibe os documentos ao melhor estilo do inimaginável.

O poder judicial começou a averiguar a constitucionalidade das recentes medidas e, rapidamente, houve mexidas e demissões, porque Trump não admite que seja posta em causa a legitimidade da ordem presidencial. A ordem pública, essa, pode andar sob o signo da intranquilidade, porque as prioridades presidenciais já não são as mesmas. Por exemplo, as Forças Armadas e os Serviços Secretos já não têm presença obrigatória nas reuniões sobre segurança.

O Canadá já anunciou que não permitirá qualquer discriminação religiosa e a incógnita nas fronteiras vai aumentar. Até agora, o cargo de Presidente dos Estados Unidos era sempre apresentado como o líder do mundo livre, mas agora alguma coisa vai ter que mudar. A única coisa que parece não mudar é a coerência do próprio Trump, uma vez que está a aplicar tudo o que prometeu em campanha. A surpresa é daqueles que nunca acreditaram que fosse possível pôr em prática tais promessas.

A Direção