Novo primeiro-ministro da Austrália pede que China elimine barreiras comerciais

Camberra, 25 mai 2022 (Lusa) — O novo primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, instou a China a suspender as sanções comerciais a produtos australianos, para melhorar as relações bilaterais, que atingiram o nível mais baixo desde 2020.

“Foi a China que impôs sanções à Austrália”, sublinhou Albanese, à margem de uma cimeira do bloco Quad, que reúne Estados Unidos, Índia, Japão e Austrália — uma parceria informal de segurança, que visa combater a influência chinesa na região da Ásia-Pacífico.

“Não há justificativa para fazer isso e é por isso que devem ser removidas”, disse Albanese aos jornalistas, na terça-feira, em Tóquio.

As relações entre Pequim e Camberra esfriaram após a Austrália ter apelado a uma investigação independente sobre as origens da pandemia e excluído o grupo chinês de tecnologia Huawei do desenvolvimento da sua rede de telecomunicações 5G (quinta geração).

A China, que é o maior parceiro comercial da Austrália, retaliou com a imposição de taxas alfandegárias punitivas contra uma dúzia de produtos australianos, incluindo carvão, vinho e cevada.

“Nós certamente gostaríamos de ver essas sanções e tarifas suspensas”, disse também o novo responsável pelo Tesouro australiano, Jim Chalmers.

“Estão a prejudicar a nossa economia. Estão a dificultar a vida de alguns dos nossos empregadores e trabalhadores aqui na Austrália e, obviamente, gostaríamos de ver essas medidas suspensas”, disse hoje Chalmers.

Na terça-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, tinha enviado uma mensagem de felicitações a Albanese, após meses sem contacto oficial entre os dois países.

“O lado chinês está pronto para trabalhar com o lado australiano, deixar de olhar para trás e pôr os olhos no futuro (…) para promover o crescimento saudável e estável da sua parceria estratégica abrangente”, apontou Li, citado pela agência noticiosa Xinhua.

A Austrália expressou preocupação com a crescente influência de Pequim na região, particularmente após um pacto recente de segurança assinado entre a China e as Ilhas Salomão.

O acordo inclui uma secção que autorizaria à marinha chinesa estacionar nessas ilhas, localizadas a menos de dois mil quilómetros da Austrália.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China confirmou na terça-feira que Wang Yi vai aterrar nas Ilhas Salomão na quinta-feira, no âmbito de uma visita a vários países da região, incluindo as ilhas Fiji e Timor-Leste.

Hoje a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, alertou contra a “militarização” do Pacífico, em resposta à visita de Wang Yi à região.

“Há uma certa tensão na nossa região. Temos sentido há algum tempo uma escalada na linguagem. A Nova Zelândia pede paz e estabilidade”, disse Ardern à imprensa neozelandesa, no primeiro dia de uma visita oficial aos Estados Unidos, onde se deve encontrar com o Presidente norte-americano Joe Biden.

A nova ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Penny Wong, deve voar para as Fiji na quinta-feira, para combater a influência chinesa no Pacífico Sul, avançou o jornal The Australian.

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