Netanyahu discute segunda fase para Gaza com enviado norte-americano

Jerusalém, Israel, 10 nov 2025 (Lusa) – O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reuniu-se hoje em Jerusalém com o enviado norte-americano Jared Kushner para discutir a segunda fase do cessar-fogo na Faixa de Gaza, indicou a porta-voz do Governo de Israel.

Shosh Bedrosian relatou aos jornalistas que a reunião serviu para avaliar a primeira etapa do acordo com o grupo islamita palestiniano Hamas, em vigor desde 10 de outubro, e o regresso dos restantes reféns que permanecem no enclave palestiniano, “bem como o futuro da segunda fase”.

Ao abrigo do plano promovido pelos Estados Unidos, a próxima fase prevê a desmilitarização do território e “a garantia de que o Hamas nunca mais terá qualquer papel no futuro de Gaza”, afirmou a porta-voz.

Num discurso no Knesset (parlamento), Benjamin Netanyahu avisou hoje que fará cumprir “com mão de ferro” os acordos de cessar-fogo na Faixa de Gaza e também no Líbano, onde vigora uma trégua há um ano com o movimento xiita Hezbollah.

“Podem ver o que se passa diariamente no Líbano”, observou o líder israelita, referindo-se aos ataques de Israel no sul do país vizinho, sob a justificação de violação da trégua por parte do Hezbollah.

Segundo Netanyahu, as forças que procuram atingir Israel “estão a rearmar-se e não desistiram do seu objetivo”.

Em relação à Faixa de Gaza, as declarações do primeiro-ministro israelita surgem no dia em que se completa um mês desde que entrou em vigor o cessar-fogo no enclave palestiniano.

O primeiro-ministro israelita considerou que foi a pressão militar sobre o Hamas, juntamente com a “pressão diplomática dos Estados Unidos”, que permitiu o regresso dos reféns que as milícias palestinianas têm entregado no último mês.

As autoridades de Telavive estão “determinadas a trazer de volta” os corpos dos últimos quatro reféns na Faixa Gaza, disse ainda Netanyahu, embora apenas tenha mencionado os três israelitas que permanecem no território, a que se soma um cidadão tailandês.

No âmbito do acordo, foram entregues pelo Hamas 20 reféns vivos e 24 mortos, em troca de quase dois mil prisioneiros palestinianos e 315 corpos em posse de Israel.

O Hamas tem relatado dificuldades em localizar os corpos dos reféns devido à grande quantidade de escombros amontoados por dois anos de conflito e à falta de acesso a maquinaria pesada.

Israel acusa, no entanto, os islamitas de atrasarem deliberadamente a entrega destes corpos para evitar discutir o seu desarmamento, uma questão que deverá ser debatida com os mediadores internacionais na segunda fase do acordo, a negociar quando os objetivos traçados para a primeira etapa forem alcançados.

A trégua foi ameaçada em 28 de outubro, após Israel ter bombardeamento o enclave palestiniano, no seguimento de dois incidentes com o Hamas, um relacionado com a morte de um soldado israelita e outro com a entrega de um corpo que não correspondia a nenhum dos reféns ainda por devolver.

A primeira fase do acordo, impulsionado pelos Estados Unidos com a mediação do Egito, Qatar e Turquia, inclui também a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.

A etapa seguinte, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 69 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

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