NÃO SOMOS ASSIM TÃO POUCOS

Atualmente, cerca de 250 milhões de pessoas (7 vezes a população do Canadá) são emigrantes internacionais. É o maior número de sempre, o que significa que o desenvolvimento de regiões e países não está a ser coerente e que as assimetrias são cada vez mais acentuadas, entre ricos e pobres, caso contrário não haveria necessidade de tanta movimentação humana. Pessoas que vivem fora do seu País de origem representam quase 4 por cento da população mundial. É muita gente e tudo isto representa grandes preocupações para as instâncias internacionais que estudam e procuram controlar estes fluxos.

Se por um lado temos os emigrantes que procuram noutro País melhor solução para as suas vidas, também assistimos ao fluxo de refugiados que de forma desordenada também buscam desesperadamente o futuro noutras paragens, seja onde for, para depois também se candidatarem ao estatuto de emigrantes. Todas as fronteiras do primeiro mundo são assediadas constantemente e seriam invadidas caso não houvesse controlos rigorosos de forma a evitar autênticos êxodos.

Quem procura o Canadá vem com o estatuto de emigrante. Mas nas fronteiras dos Estados Unidos e União Europeia a grande maioria apresenta-se em forma de refugiado. Todos recordamos os recentes dramas ocorridos no Mar Mediterrânico de refugiados, provenientes do norte de África, ansiosos por chegar a solo italiano e grego. Só durante o ano passado chegaram com vida, por barco, ao espaço da União Europeia, através das fronteiras de Itália, Malta e Grécia, cerca de 600 refugiados por dia. A grande maioria é devolvida aos países de origem com toda a carga dramática que isso implica.

Mesmo assim, são demasiadas as pessoas que procuram vida noutras paragens. Falando de Portugal, sempre fomos um povo migratório. O nosso País de origem fomenta desde há muito este fluxo. Com crise ou sem ela, há aqui e ali um parente ou amigo que chama por nós e nos alicia à decisão de mudança. O regresso, depois, nem sempre acontece e, por isso, os portugueses espalhados pelo mundo, até à terceira geração, já ultrapassa os 30 milhões, segundo os dados do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas.

Afinal não somos assim tão poucos e desde que saibamos mostrar a nossa identidade, onde quer que seja, estaremos a contribuir, ao mesmo tempo, para a nossa valorização enquanto portugueses, ou luso-descendentes espalhados pelo mundo. Ao contrário do que se verificava há anos atrás, a língua portuguesa está a ganhar força e, decerto, serão os nossos descendentes, que apesar de terem aprendido mal a nossa língua, a irão defender e projetar ainda mais. Por moda ou por tendência não importa, eles saberão.

A Direção