MUROS EM VEZ DE PONTES

Quando terminou a II Guerra Mundial, o território da Alemanha foi dividido em quatro setores e partilhado pelos países vencedores: Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra e França. A capital Berlim também foi partilhada pela mesma forma, embora estivesse localizada no território que coube à parte soviética. A cidade era uma autêntica ilha no meio da então República Democrática Alemã.

Numa época de grande instabilidade, durante o verão de 1961, as autoridades comunistas decidiram erguer o muro de Berlim, também designado de muro da vergonha, para evitar as constantes fugas do seu território para o lado ocidental da cidade. Acabavam de erguer o maior símbolo da Guerra Fria, com 37 quilómetros de extensão. Com esta construção, o bloco comunista queria isolar Berlim e forçar as forças aliadas a abandonarem a cidade com 3 milhões de habitantes. Mas os norte americanos responderam com uma ponte aérea a partir das bases da Alemanha Ocidental e Berlim continuou abastecida e a viver como sempre.

Este muro é talvez o mais emblemático para definir a divisão entre os homens. Felizmente, desapareceu em 1989 e marcou o início da reunificação da Alemanha. Mas se esta barreira desapareceu, pelo contrário, há muitos outros muros que continuam a fazer história pelas piores razões. A maioria erguidos recentemente, o que demonstra que a humanidade continua imperfeita e em constante conflito.

Entre os Estados Unidos e o México há paredes de separação que entram pelo oceano. Israel levantou barreiras na fronteira com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, mas o Egito também fez o mesmo
com os seus vizinhos palestinianos. Entre a Índia e o Paquistão, rivais desde 1947, existe uma forte separação, tal como os 4 mil quilómetros que separam a Índia do Bangladesh.

As Coreias são rivais desde a II Guerra e ao longo dos 241 quilómetros de fronteira continua uma divisão beligerante. Na Europa, há cada vez mais divisões físicas que afastam as populações. A Grécia e a Turquia mantêm conflito ao longo de 180 quilómetros na ilha de Chipre e a Espanha ergueu os seus muros em Marrocos para delimitar Ceuta e Melilla.

Mais recentemente, os milhões de refugiados que fugiram de zonas de guerra, abraçaram a Europa e como resposta, alguns países ergueram, rapidamente, os seus muros. São os casos da Hungria na fronteira com a Sérvia e da Bulgária junto à Turquia. Pretendem, desta forma, travar o fluxo de imigração e controlar melhor os seus territórios. A Rússia não ficou atrás e também construiu um muro de 400 quilómetros para impor as suas regras na fronteira entre a Geórgia e a Ossétia do Sul.

Parece mentira, mas é verdade que, anterior a tudo isto, continua a separação na Irlanda do Norte entre católicos e protestantes, com a imposição de várias barreiras que dividem as duas comunidades.
Valha-nos que o maior muro do mundo, a Grande Muralha da China e que demorou 1700 anos a construir, já não divide e, acima de tudo, é uma atração turística, considerada Património Mundial da Unesco.

A Direção