
Lisboa, 10 dez 2025 (Lusa) – Uma nova fase de conservação e restauro dos murais do artista Almada Negreiros (1893-1970) na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, abrangendo oito painéis e as suas molduras de pedra, teve hoje início com a assinatura de um protocolo.
Trata-se do protocolo de colaboração entre o Porto de Lisboa e a World Monuments Fund (WMF) Portugal, assinado na mesma altura em que foi lançado o sexto volume dos Cadernos do Arquivo, dedicado à obra mural do artista.
Na abertura da cerimónia, o presidente do conselho de administração dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra, Vítor Caldeirinha, destacou que o facto de se assinalarem “dois eventos no mesmo momento”: a assinatura de um protocolo entre o porto e a WMF Portugal, que visa “a conservação e restauro dos murais de Almada Negreiros da Gare Marítima de Alcântara”, e o lançamento do novo volume da coleção Cadernos do Arquivo.
Vítor Caldeirinha defendeu que um porto moderno “não existe isolado”, deve antes estar em “simbiose com a cidade” e em “diálogo permanente com o seu património”, contribuindo para a coesão social, a valorização do território e a proteção da memória coletiva.
Sobre as gares marítimas da Rocha do Conde de Óbidos – que inclui seis murais e cujas obras de conservação e restauro se iniciaram em novembro de 2023 e terminaram um ano depois — e de Alcântara, Vítor Caldeirinha considerou serem “testemunhos únicos da história portuária e artística [de Portugal]”, e sublinhou que o protocolo hoje assinado permitirá avançar com a recuperação integral dos murais e respetivas molduras.
O presidente da WMF Portugal, Miguel Horta e Costa, começou a sua intervenção sublinhando igualmente os “dois momentos determinantes da valorização do património do Porto de Lisboa” que ali se assinalavam, recordando que desde a seleção do projeto, a organização assumiu o compromisso de contribuir para a salvaguarda e projeção internacional “do mais relevante conjunto de pintura mural do século XX em Portugal”.
Miguel Horta e Costa afirmou que esta nova fase renova “a confiança na cooperação científica, na competência técnica e na força das parcerias institucionais”.
No encerramento, o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, apontou os murais de Almada Negreiros como “o maior conjunto de pintura mural portuguesa do século XX” e reconheceu o impacto dos testemunhos associados à sua história, incluindo episódios da guerra colonial.
O governante defendeu a importância de “manter esta memória viva”, sublinhando a relevância de recuperar as cores originais das obras.
Referindo-se à estratégia Portos 5+, o secretário de Estado falou dos objetivos do Governo, como o crescimento em 50% da movimentação de carga, melhorias estruturais e redução em 80% das emissões de CO2.
“É uma estratégia que quer voltar a pôr os portos no centro da logística nacional, quer voltar a fazer crescer a movimentação de carga e, portanto, temos aqui 4 mil milhões de euros de investimento, 75% do qual é privado, através de 15 novas concessões que queremos lançar nos próximos anos, que vai juntar-se a mil milhões de investimento público em sustentabilidade, na digitalização, na aproximação entre os portos e as cidades”, afirmou.
Iniciado em 2021, o Projeto Almada está distribuído por cinco núcleos, que incluem a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, o antigo edifício-sede do Diário de Notícias e a Escola Patrício Prazeres, em Lisboa, além das duas Gares Marítimas.
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