MULHERES AO PODER

Correio da Manhã Canadá

A presença de mulheres em cargos de topo tem marcado a atualidade. Na Europa, a condução da política europeia nos próximos seis meses foi entregue a duas aliadas de longa data: Ursula von der Leyen, a presidente do executivo comunitário, e Angela Merkel, a chanceler da Alemanha, que no dia 1 de julho assumiu a presidência rotativa na União Europeia.

Já nos Estados Unidos da América (EUA), os holofotes têm apontado para a escolha dos candidatos à vice-presidência e para a provável nomeação de uma mulher negra por Joe Biden, no início de agosto, numa altura em que os protestos antirracismo continuam a acontecer no país.

Em Portugal surgiram, entretanto, notícias contrastantes. Sabe-se agora que o país não encurtou as desigualdades salariais de género e que as mulheres portuguesas ganham menos 16% do que os homens. Por outro lado, só 10% dos administradores executivos das empresas cotadas em Portugal são mulheres.

No Canadá, os índices de pós-escolaridade são melhores entre as mulheres do que entre os homens, mas isso não se traduz em ordenados igualitários. O país apresenta mesmo uma das maiores lacunas salariais de género do grupo de nações industrializadas que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
As mulheres caucasianas ganham uma média de 82 centavos por cada dólar ganho por homens caucasianos, ao passo que no caso das mulheres “racializadas” esse valor desce para os 60 centavos e nas indígenas para os 57 centavos.

Há que reconhecer as conquistas várias em matérias de igualdade de género. Bardish Chagger, com quem conversámos recentemente, numa entrevista que pode ler nas páginas 10 e 11 deste jornal, é outro exemplo disso mesmo, tendo sido, em 2016, nomeada a primeira líder mulher da história do governo canadiano na Câmara dos Comuns.

Mas o caminho a percorrer é longo. A problemática da desigualdade ainda é um tema atual e o discurso não deve remeter apenas para o simples aumento do número de mulheres em cargos de topo, mas também para a redefinição dos valores de base das próprias estruturas governativas, cujo cunho é sobretudo masculino.

Será que não há vantagens em dinâmicas mais assentes em características femininas, como a negociação, a pacificação ou a intuição? Temas a pensar nos próximos dias…