MUDANÇAS NA GOVERNAÇÃO: MUITA PARRA E POUCA UVA?

Correio da Manhã Canadá

Foi uma semana atribulada no governo. A demissão de Bill Morneau, substituído pela nova ministra das Finanças, ChrystiaFreenland, a suspensão do parlamento e agora a nomeação do novo líder do partido conservador canadiano. Muitas mudanças, mas será que se aplica o ditado português, “muita parra e pouca uva”? Não sabemos, só setembro o dirá. Até porque é o mês das grandes mudanças. Justin Trudeau nomeou a deputada Chrystia Freeland para o cargo de ministra das Finanças numa altura em que o país começa a recuperar do impacto provocado pela pandemia.

Freeland tornou-se a primeira mulher a ocupar este cargo e a nomeação chegou 24 horas depois de Bill Morneau ter apresentado uma demissão controversa. Dizia ele que esta é uma boa altura (em plena pandemia) para se arranjar um novo ministro das Finanças. Mas o timing, por ventura, não será o melhor. Debaixo de olho estará a liderança da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), anunciada por Morneau, que carregava a pasta das finanças do país deste 2015.

A novela continua. Na última semana, os media canadianos noticiaram divergências entre Morneau e o primeiro-ministro no que diz respeito a reanimar a economia do país, abalada pela covid-19, numa altura em que o défice previsto é superior a 340 mil milhões de dólares. No meio do enredo há algumas “coincidências”, chamemos-lhes assim. A saída do ministro das Finanças coincide com a investigação do Comité de Ética por causa da sua relação com uma instituição de caridade onde empregou a filha e à qual o governo adjudicou um importante contrato sem concurso público.

Bem, viremos a página e o foco agora é para quem fica: Freeland. Terá pela frente um plano de recuperação económico pós-Covid-19 – quiçá dos maiores desafios do século. E por falar em desafios: os conservadores elegeram o seu novo líder, Eri O’Toole. Este será o principal candidato a desafiar o primeiro-ministro liberal, Justin Trudeau, nas próximas eleições. O ex-ministro de 47 anos promete unir o partido e ampliar a sua base (veremos o que isto significa). Ora, os conservadores elegeram um ex-militar para tirar Trudeau do poder, mas poderá não ter muito tempo para se consolidar no partido. Ainda assim, terá a oportunidade para antecipar as eleições a 23 de setembro, altura em que o Governo liberal, enfrentará uma moção de confiança.

E você? Está confiante? Só setembro o dirá.