Morreu Vasco Martins, figura incontornável da música cabo-verdiana

Praia, 27 nov 2025 (Lusa) – O músico cabo-verdiano Vasco Martins, uma “personagem rara” e figura “incontornável da música erudita nacional”, morreu hoje aos 69 anos, na ilha de São Vicente, vítima de doença prolongada, anunciou o Ministério da Cultura de Cabo Verde.

Num comunicado, o Ministério lamenta a morte de “uma personagem rara do panorama musical”, sublinhando que Vasco Martins ocupava um “lugar praticamente único na música erudita cabo-verdiana, onde construiu uma obra vasta, inovadora e de referência”.

Sinfonista, pianista, guitarrista, romancista, musicólogo, ensaísta, poeta e sound designer, é descrito como um “criador singular”, responsável por ligar, como nenhum outro, a tradição musical cabo-verdiana aos códigos da música erudita.

O Ministério recorda que fez da ilha de São Vicente o centro da sua criação artística.

A discografia ultrapassa 26 títulos, entre os quais Universo da Ilha, Quinto Mundo, Ritual Periférico, Sublime Delight, Apeiron, Li Sin, As Quatro Sinfonias, Danças de Câncer e Partum Spiralis.

O legado do compositor está igualmente “presente na paisagem cultural” do país, nomeadamente na partitura criada por si que compõe a fachada do novo Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design, inaugurado em 2022.

“Cabo Verde perde um génio, a sua música permanece eterna”, conclui o comunicado.

A Presidência da República também lamentou a morte do músico, considerando-o “uma das figuras mais elevadas da cultura cabo-verdiana contemporânea”.

“Autor de uma obra vasta, inovadora e singular, dedicou a vida à criação musical, explorando com mestria a fusão entre a tradição cabo-verdiana e novas linguagens estéticas. A sua contribuição para o património artístico nacional é imensa e permanecerá como referência incontornável da nossa identidade cultural”, lê-se na nota.

A Câmara Municipal de São Vicente juntou-se às homenagens, descrevendo Vasco Martins como “figura ímpar da cultura cabo-verdiana e um dos nomes mais marcantes da criação musical do país”.

“Entre sinfonias, composições para orquestra, peças instrumentais e sons que dialogam com a natureza, deixou um legado que continuará a inspirar gerações. Mindelo foi o centro da sua criação: aqui compôs, experimentou e construiu uma discografia rica e singular”, acrescenta.

Nascido em Portugal, filho de pai cabo-verdiano e mãe portuguesa, mudou-se para São Vicente aos nove anos, ilha onde cresceu, aprendeu música e desenvolveu toda a sua obra.

As suas obras sinfónicas foram apresentadas em vários países, incluindo Portugal, França, Brasil e Japão.

 

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