

O escritor e tradutor Vasco Graça Moura faleceu cerca do meio-dia de domingo no hospital da Luz, vítima de doença prolongada.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva já lamentou a morte de Vasco Graça Moura, sublinhando a “marca indelével” que deixa na literatura, no debate democrático de ideias e na defesa da cultura.
Na missiva, o chefe de Estado sublinha que foi com “profundo pesar” que tomou conhecimento da morte de Vasco Graça Moura, “um dos maiores escritores portugueses das últimas décadas e um dos intelectuais que mais contribuíram para a afirmação e a projeção internacional da nossa cultura”.
Poeta e romancista de prestígio abundantemente reconhecido, quer entre nós, quer no espaço europeu, Graça Moura foi também o tradutor de alguns dos grandes autores do Ocidente para a língua portuguesa, a qual enriqueceu como poucos e o seu dinamismo e a sua criatividade, enquanto responsável por várias instituições ou como deputado ao Parlamento Europeu foram decisivos para o reconhecimento da cultura portuguesa além-fronteiras.
Poeta, ensaísta, romancista, dramaturgo, cronista e tradutor de clássicos, Vasco Graça Moura estreou-se nas letras com “Modo mudando”, em 1962.
Publicou, entre outros, “A sombra das figuras” (1985), “A furiosa paixão pelo tangível” (1987), “Testamento de VGM” (2001) e “Os nossos tristes assuntos” (2006). Reuniu a “Poesia toda”, em dois volumes num total de mais de mil páginas, em 2012.
Recebeu o Prémio Pessoa e o Prémio Vergílio Ferreira, os prémios de Poesia do PEN Clube Português e da Associação Portuguesa de Escritores, que também lhe atribuiu o Grande Prémio de Romance e Novela, entre outras distinções.
Foi diretor do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian, diretor da Fundação Casa de Mateus, presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
Em janeiro de 2012, substituiu António Mega Ferreira na presidência da Fundação Centro Cultural de Belém.
Era uma das vozes mais críticas do acordo ortográfico.
Na homenagem que a Fundação Gulbenkian lhe dedicou, não hesitou em afirmar: “A poesia é a minha forma verbal de estar no mundo”.
Numa primeira reacção também o poeta Nuno Júdice lamentou a morte de Vasco Graça Moura, que classificou como “uma enorme perda” para a cultura portuguesa, sublinhando que o autor deixa “uma obra considerável”.