
Maputo, 07 nov 2025 (Lusa) – Moçambique precisa de mais de 610 milhões de euros para concretizar a nova estratégia da aviação civil, que prevê modernizar os principais aeroportos nacionais ao longo dos próximos 20 anos, foi hoje anunciado.
“O custo estimado para implementar a estratégia da aviação civil é de aproximadamente 710 milhões de dólares americanos [613 milhões de euros] ao longo dos 20 e tal anos que nós estamos a propor”, disse Artur Soares, gestor de uma das empresas contratadas pelo Ministério dos Transportes moçambicano para assessorar o desenvolvimento do Plano Diretor de Aviação Civil (2026-2045) nacional.
Segundo o responsável, que falava durante a cerimónia de auscultação do plano, em Maputo, este prevê 179 ações a serem desenvolvidas a curto prazo, 34 a médio e quatro a longo prazo, em nove eixos estratégicos, para promover uma aviação civil que cumpra as normas internacionais de segurança aérea e aeroportuária, permitindo que o transporte aéreo desempenhe plenamente o seu serviço, consolidando a ação nacional e o desenvolvimento socioeconómico.
“Estes nove eixos abrangem todas as áreas principais e as áreas referentes à aviação civil. O primeiro eixo concentra-se no reforço do quadro legislativo e institucional com o objetivo de melhorar a coordenação entre as partes interessadas no setor civil”, disse.
Por outro lado, assinalou que os outros eixos preveem a melhoria na conectividade aérea e promoção da integração regional, melhoria da segurança aeroportuária, modernização das infraestruturas aeroportuárias, reforço das operadoras aéreas moçambicanas, otimização dos custos e eficiência operacional, além do desenvolvimento e reforço dos recursos humanos.
“Obviamente, como já referimos, é um plano dinâmico e adaptável à estratégia do país e do crescimento dos vários setores que estão agora a acontecer e que vão acontecer no futuro”, disse.
No plano apresentado prevê-se também a modernização a curto prazo dos aeroportos internacionais da Maputo, Beira e Nacala, num investimento estimado em cerca de 440 milhões de dólares (380 milhões de euros).
“O financiamento combinará recursos nacionais e apoios de parceiros de desenvolvimento e parcerias público-privadas. Portanto, a modernização das infraestruturas de aeroportos mais a modernização da gestão e melhoramento do espaço aéreo são aproximadamente quase 90% do nosso investimento”, referiu, acrescendo que a política orientará as reformas, os investimentos e as parcerias necessárias para garantir o desenvolvimento do setor.
O plano, disse, adotará uma nova política nacional de aviação civil para os próximos 20 anos, para substituir a política de 2002 por um quadro estratégico institucional atualizado alinhado com as normas internacionais.
A Lusa noticiou em maio que o transporte aéreo movimentou acima de 2,4 milhões de passageiros em Moçambique em 2024, mais quase 25% num ano, segundo dados oficiais que apontam a meta de chegar a três milhões em dois anos.
De acordo com dados da Autoridade de Aviação Civil de Moçambique (IACM), o transporte aéreo movimentou em 2024 um total de 2.445.240 passageiros, e 81.636 movimentos de aeronaves, contra 1.974.523 passageiros em 2023, devendo crescer mais 11% este ano, para pouco mais de 2,7 milhões.
As “melhorias das condições aeroportuárias associadas com a capacidade dos aeroportos dos destinos atuais e potenciais de lazer turístico, como Vilanculos, Inhambane, Chimoio, Ponta do Ouro”, e o “aumento dos esforços para os mercados de maior valor e os procedimentos envolvidos na obtenção de um visto” por parte dos turistas estrangeiros são fatores identificados pelo IACM que justificam a previsão de crescimento do tráfego aéreo em Moçambique.
Em 2027, o regulador do setor estima que o transporte aéreo deverá movimentar no país mais de 2,9 milhões de passageiros e no ano seguinte 3,1 milhões.
LCE // JMC
Lusa/Fim
