
Maputo, 02 out 2025 (Lusa) – A Presidência da República moçambicana classificou como a consolidação do país no setor do gás a assinatura pela Eni, hoje, da Decisão Final de Investimento da segunda plataforma flutuante, Coral Norte, por 7,2 mil milhões de dólares.
“Marca um passo significativo na consolidação de Moçambique como um dos principais atores no setor global de gás natural liquefeito, reforçando o compromisso do Governo em promover investimentos estratégicos que contribuam para o crescimento económico sustentável e para a criação de oportunidades de emprego para os moçambicanos”, lê-se num comunicado da Presidência, confirmando a presença do chefe de Estado, Daniel Chapo, no evento, esta tarde, em Maputo.
Sob tutela do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, o projeto, operado pela Eni, será desenvolvido pelos parceiros da Área 4 da Bacia do Rovuma, ao lago de Cabo Delgado, envolvendo a construção de uma plataforma flutuante para a extração e liquefação de gás natural (FLNG), semelhante à que a petrolífera italiana já opera na mesma área, no Coral Sul, desde 2022.
A decisão, FID na sigla em inglês, é a última e crucial etapa no desenvolvimento de megaprojetos de energia, sendo operado pela Eni, como já acontece com a Coral Sul, em representação da Rovuma Mozambique Venture (MRV), consórcio com 70% de interesse participativo, o qual integra também a ExxonMobil e a China National Petroleum Corporation (CNPC).
O Governo moçambicano aprovou em 08 de abril o investimento liderado Eni no projeto de GNL Coral Norte, com previsão de produção de 3,5 milhões de toneladas anuais (mtpa) e arranque no segundo trimestre de 2028, totalizando 7,2 mil milhões de dólares (6,2 mil milhões de euros)
“O projeto vai igualmente gerar 1.400 empregos para moçambicanos, prevendo-se a implementação de um plano de sucessão para o aumento da qualificação e maior disponibilidade de mão-de-obra moçambicana no setor petróleo e gás”, disse na altura o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocência Impissa.
Moçambique prevê arrecadar 23 mil milhões de dólares (20,1 mil milhões de euros) com o projeto Coral Norte ao longo dos próximos 30 anos, segundo dados do Governo moçambicano, que prevê ainda, contratualmente, “a disponibilização de gás natural ao mercado doméstico na proporção de 25% do total do gás a ser produzido” e 100% do condensado para a geração de energia, permitindo o “desenvolvimento de projetos de industrialização” do país.
“O plano constitui a segunda fase de desenvolvimento do campo Coral Norte, FLNG, e consiste em uma infraestrutura flutuante de liquefação de gás natural com a capacidade de 3,55 milhões de toneladas por ano e seis poços de produção”, acrescentou.
O diretor-executivo da petrolífera Eni, Cláudio Descalzi, garantiu em 16 de janeiro ao Presidente moçambicano, Daniel Chapo, que previa alargar a operação no projeto de GNL na bacia do Rovuma, “projetando Moçambique no panorama global” do gás natural.
Num estudo da consultora Deloitte concluiu-se em 2024 que as reservas de GNL de Moçambique representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares (85,1 mil milhões de euros).
Moçambique tem três megaprojetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de GNL da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado, incluindo um da TotalEnergies (13 mtpa), em fase de retoma, após a suspensão devido a ataques terroristas na região, e outro da ExxonMobil (18 mtpa), que aguarda decisão final de investimento, ambos na península de Afungi.
Moçambique já arrecadou 235 milhões de dólares (200 milhões de euros) em receitas com 137 carregamentos de GNL e condensado de gás para o estrangeiro desde 2022, a partir da plataforma Coral Sul, anunciou o Governo, em setembro.
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