MOÇAMBIQUE/ATAQUES: RENAMO CONSIDERA “INFELIZ” SUGESTÃO DE GUEBUZA

Maputo, 07 out 2020 (Lusa) — A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido de oposição, considerou hoje “infeliz” a sugestão do ex-Presidente Armando Guebuza, de que antigos combatentes, incluindo da Renamo, poderiam ajudar a travar a violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique.

“É muita infelicidade do lado dele”, referiu o secretário-geral do partido, André Magibire, numa conferência de imprensa, em Maputo, salientando que o que classifica como um dos principais problemas do país, o dossiê das dívidas ocultas, nasceu durante a governação de Guebuza.

“Muitos se beneficiaram dessas dívidas, inclusive algumas pessoas que estão presas. Nessa altura ninguém chamou o pessoal da Renamo para se beneficiar de qualquer coisa”, mas agora, “porque é para ir para Cabo Delgado e morrer, já querem que os homens da Renamo vão para lá”, disse.

“Estamos comprometidos com a paz e o bem-estar das pessoas”, acrescentou.

O antigo Presidente moçambicano defendeu na sexta-feira que se deve aproveitar a experiência de quem combateu na luta de libertação e na guerra civil dos 16 anos, incluindo a oposição, para travar a violência armada em Cabo Delgado.

“É fundamental a exploração das capacidades instaladas ao longo destes anos todos, mesmo as da Renamo [principal força de oposição em Moçambique]. Fizeram [a guerra civil] dos 16 anos, será que estamos a trabalhar com eles para encontrar soluções para este problema? Eu acho que não”, disse, num vídeo divulgado na sua página na rede social Facebook.

A província de Cabo Delgado é desde há três anos palco de ataques armados, alguns reivindicados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, mas cuja origem continua por esclarecer.

A violência provocou uma crise humanitária com mais de mil mortos e cerca de 250.000 deslocados internos.

A região deverá acolher nos próximos anos investimentos da ordem dos 50 mil milhões de dólares (42,6 mil milhões de euros) em gás natural, liderados pelas petrolíferas norte-americana Exxon Mobil e francesa Total (que já tem obras no terreno).

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