Moçambique/Ataques: Presidente da União Africana diz que violência é cancro que tem de ser parado

Paris, 27 mai 2021 (Lusa) – O Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo) e da União Africana comparou hoje os ataques terroristas no norte de Moçambique a um cancro que tem de ser parado, sob pena de se espalhar pelo continente.

“O problema em Moçambique é semelhante ao do leste do meu país, são grupos terroristas islâmicos que juraram fidelidade ao Daesh e não se trata de um problema que afete apenas um país, e o risco é que este cancro se propague a toda a região, a todo o continente”, disse Félix Tshisekedi, em entrevista à Euronews.

“Temos de combatê-lo agora”, vincou o governante da RDCongo, acrescentando: “Não podemos esperar, o que se está a passar em Moçambique atrai realmente a nossa atenção, porque é exatamente o mesmo fenómeno que estamos a viver no meu país”.

Questionado sobre a melhor linha de atuação para combater os ataques, Félix Tshisekedi defendeu que “o que é necessário fazer, tendo em conta que estas regiões são potencialmente ricas em minerais e outros recursos, é cortar o acesso a esse abastecimento, porque é isso que alimenta as suas atividades”.

Para o chefe de Estado, é preciso “trabalhar de forma rápida, eficiente e em conjunto”.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

A incursão contra Palma, em março, provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.

As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

MBA // LFS

Lusa/Fim