Chimuara, Moçambique, 18 mar 2021 (Lusa) – O ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique disse hoje à Lusa que serão retomadas em breve as obras do projeto de gás de Cabo Delgado, liderado pela petrolífera Total e suspenso devido à proximidade de ataques de rebeldes armados no final de 2020.
“Estão praticamente criadas as condições para a retoma [dos trabalhos de construção]”, referiu Max Tonela.
“Tivemos uma discussão recente, ainda esta semana, com o presidente para África da Total e concordámos que, em breve, será anunciada publicamente a retoma dos trabalhos”, enfatizou.
Max Tonela falava à Lusa à margem do lançamento da primeira pedra de construção da linha de transporte de energia elétrica Chimuara – Alto Molócuè, na província da Zambézia, centro de Moçambique.
Aquele governante avançou que estão a ser encetados todos os esforços para que o projeto de gás natural do consórcio liderado pela multinacional francesa seja conduzido “dentro do cronograma”, ou seja, com início de produção em 2024.
“Há também uma plataforma de discussão entre a Total e o Governo e uma das matérias é a questão da segurança, não só para o local da implantação em Palma, mas para resolver toda a questão de terrorismo em Cabo Delgado”, acrescentou.
O ministro dos Recursos Minerais e Energia assinalou que, apesar da redução do nível de atividade, o projeto da Total atingiu um nível de execução de 23%, estando as atividades de ´procurement` (aquisições de bens e serviços) a 63%.
“As atividades de engenharia também decorrem conforme o plano inicial” assim como as atividades no mar, 32% das quais realizadas, salientou.
A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da Total, mas fonte ligada à empresa remeteu a informação para mais tarde.
Atualmente, o projeto da Área 1, liderado pela petrolífera francesa, é o maior investimento privado em curso em África, avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros.
A violência armada em Cabo Delgado está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 670 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos.
Algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.
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