
Maputo, 10 nov 2025 (Lusa) — Pelo menos nove escolas e quatro centros de saúde foram encerradas no distrito de Meluco, província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, devido à onda de ataques atribuídos a terroristas, disse o administrador do distrito, Mario Age.
“Quatro [escolas] encontram-se encerradas e cinco paralisados, devido às ações do terrorismo. Aqui há necessidade de existir algum hospital distrital, em todo o distrito só dependemos de um único centro”, disse o administrador de Meluco, citado hoje pela comunicação social local.
Age acrescentou que a falta de centros de saúde no distrito – com quatro encerrados devido à insurgência armada – contribui para a redução de partos institucionais, porque há pessoas que para chegarem no único centro operacional precisam percorrer cerca de 50 quilómetros, a que acrescem as dificuldades de transporte e a insegurança.
“Agora que estamos sem centro de saúde, nalgum momento, quando houvesse combustível, havia um apoio, haviam brigadas móveis. Infelizmente, agora, esses colaboradores parecem não ter o combustível suficiente”, lamentou, sublinhando que o distrito enfrenta atualmente “grandes dificuldades” para continuar com as equipas móveis de saúde.
A província de Cabo Delgado, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.
Um levantamento da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês) estima que a província moçambicana de Cabo Delgado registou, pelo menos, 12 eventos violentos entre 13 e 26 de outubro, essencialmente envolvendo extremistas ligados ao Estado Islâmico, provocando 18 mortos entre civis.
De acordo com o mais recente relatório da ACLED, dos 2.236 eventos violentos registados desde outubro de 2017, quando começou a insurgência armada em Cabo Delgado, um total de 2.061 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).
Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.659 mortos, refere o novo balanço, incluindo as 18 vítimas reportadas em menos de duas semanas em outubro.
No relatório, a organização refere ainda que, neste período, Cabo Delgado “testemunhou um aumento na atividade insurgente”, com elementos associados ao Estado Islâmico de Moçambique (EIM) a atacarem as forças de segurança nos distritos de Montepuez e Muidumbe, “provocando baixas”.
“Os insurgentes também continuaram a matar civis nos distritos de Mocímboa da Praia, Muidumbe e Metuge. As operações do EIM foram agravadas por outros padrões de instabilidade, particularmente em torno de áreas de mineração em Montepuez”, escreve a ACLED.
A organização aponta igualmente o risco contínuo para as comunidades piscatórias, apanhadas em ataques de insurgentes e em ofensivas das autoridades contra os grupos terroristas.
A “dispersão da atividade” por Cabo Delgado sugere que estes grupos operam em unidades dispersas, permitindo “aos insurgentes expandir as operações para além dos tradicionais redutos”.
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