MITOLOGIA GREGA

Na edição de 3 de março, escrevemos aqui que a Grécia poderia cair. Dissemos, na ocasião, que a Europa acabara de dar mais um prazo de quatro meses à Grécia, não para esta se reorganizar e cumprir os seus compromissos, porque sempre pareceu que não era a sua intenção, mas antes para a Europa se adaptar e preparar para a saída da Grécia do Eurogrupo (deixar o Euro e voltar à moeda antiga – Dracma) e com todas as consequências que daí poderão advir, embora tudo isso ainda esteja envolto em cenários imprevisíveis.

A estratégia grega foi esticar a corda até aos limites. O governo grego colocou todas as culpas nos credores e abusou das expressões solidariedade e liberdade. Isto é, todos devem ser solidários com a Grécia para que os gregos vivam em liberdade. Depois de falsearem contas, e de muitos anos de vazio negocial, deixaram expirar todos os prazos e resolveram marcar um referendo para exigirem aos credores que respeitassem a vontade do povo. E a resposta do povo grego foi dada em sintonia com o seu governo. Isto é, querem tudo sem sacrifícios. E se os outros países parceiros da Grécia também fizessem referendos para saberem se estão interessados em continuar a ajudar a Grécia pela forma que reivindicam?

A História da Grécia é milenar e toda a sua mitologia é uma importante herança do mundo ocidental. É real e visível a sua influência sobre a cultura, as artes, a literatura e as ciências. Quando há 3.000 anos não havia explicações científicas para os fenómenos da natureza e outros que tivessem implicações na humanidade, os gregos encaravam os problemas e resolviam-nos através da criação de mitos.

Tinham deuses para tudo e para qualquer finalidade. O grande objetivo era agradar a cada Deus para se ser feliz na terra. O povo alimentava-se de estórias e recorria a Zeus, deus de todos os deuses; ou a Afrodite, a deusa do amor; a Hades, a deusa das almas dos mortos; a Apolo, o Deus da luz; e por aí adiante. Para além dos deuses, os gregos criaram figuras mitológicas. E quem não se lembra dos heróis Hércules e Aquiles; das Ninfas que mais não eram do que seres femininos sempre agradáveis e felizes; dos Centauros, que eram corpos formados por metade de homem e a outra metade de cavalo; e as Sereias, que eram mulheres com metade do corpo de peixe, que serviam para atrair os marinheiros.

Tudo isto foi há muito tempo e todos esses ensinamentos em forma de mitos ficaram para a história. Hoje a Grécia é um país moderno, faz parte da União Europeia e integra o lote de 19 países que compõem o Eurogrupo, ou seja, o grupo de países que têm a mesma moeda – o Euro. Fora a mitologia e todos os ensinamentos que nos passaram, a Grécia não tem convivido bem com os números. E face a tudo isto, está cada vez mais difícil agradar a gregos e a credores.

A Direção