MÍSIA LANÇA “PURA VIDA – BANDA SONORA” EM FRANÇA

LusaParis, 29 nov 2019 (Lusa) – A cantora portuguesa Mísia lança hoje o seu trabalho “Pura Vida – Banda Sonora” em França, considerando que os arranjos musicais “vão surpreender” o público deste país e ao qual regressa já no dia 20 de janeiro.

“Acho que os arranjos vão surpreender porque é um álbum com músicas de fado, mas não está tocado nos cânones do fado. Os fados estão tocados de uma maneira que mostra como precisei de reforçar o sentimento trágico daquilo que tinha vivido, mas incómodo e fiz apelo à guitarra elétrica”, disse Mísia em declarações à agência Lusa.

Após alguns anos afastada de França por razões de doença e também por ter chegado a novas regiões como a América Latina, Mísia lança esta sexta-feira o seu novo álbum “Pura Vida – Banda Sonora” em terras gaulesas.

Para Mísia, este é um trabalho que pela sua sonoridade e pelas suas vivências pessoais se situa entre o céu e a terra. “Há o céu que a guitarra portuguesa e o inferno da guitarra elétrica”, explicou a fadista, nomeando o facto de o seu disco contar também com um tango.

Lançar este novo álbum em França é reforçar “uma enorme ligação”. “Artisticamente tenho uma enorme ligação com a França. Tive durante anos numa editora francesa e foi aí que lancei discos muito importantes no meu trabalho como Garras dos Sentidos. Em França, especialmente em Paris, já fiz quase todas as salas”, indicou a fadista.

Esta ligação a França levou durante muitos anos a um mal-entendido de que Mísia vivia em Paris, o que, segundo a própria, a levou mesmo a mudar-se para a capital francesa durante quatro anos, vivendo atualmente em Lisboa. “Depois voltei para Portugal, mas continuam a dizer-me [que vivo em Paris] e já não luto contra isso”, gracejou a fadista.

O regresso aos palcos franceses está marcado para dia 20 de janeiro com um concerto na La Cigale, uma das salas mais emblemáticas da capital francesa. “Espero que os meus portugueses e os franceses venham em grande quantidade. Quando vejo a sala cheia é sempre um milagre, nunca estou à espera”, confessou a artista.

O seu regresso acontece numa altura em que o fado e Portugal estão na moda em França, mas Mísia considera que é preciso ter cuidado para não banalizar a canção nacional.

“Acho que o Paulo Bragança e eu já demos outras leituras ao fado [em França], num nível muito profundo. Não foi só aligeirar com o risco de banalizar. Não estou a dizer isto em relação a ninguém em especial, mas é sabido que quando um tipo de música está na moda e há uma grande inflação de vozes […], aparecem projetos muito bons, aparecem outros mais banais”, referiu a fadista.

O novo álbum de Mísia foi esta semana premiado com o Phonographic Critics Award, prémio da crítica discográfica alemã, um “reconhecimento a mais” que a cantora acolhe positivamente.

“Os prémios, considero-os um reconhecimento a mais ao trabalho que uma pessoa faz, mas também gosto de ir na rua e que alguém me diga que o meu disco o ajudou num certo momento. Os prémios não definem um artista”, afirmou.

Mísia já recebeu algumas das principais distinções francesas ligadas à cultura como a Medalha de Vermeil (2004), a mais alta condecoração da cidade de Paris, e é Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres (2011).

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