
Pemba, Moçambique, 22 dez 2025 (Lusa) – As Força de Defesa e Segurança moçambicanas estão a intensificar ações contra grupos rebeldes nas matas dos distritos de Macomia e Muidumbe, na província de Cabo Delgado, disse hoje à Lusa um paramilitar.
Sem precisar as datas do início das ofensivas, a fonte avançou que as ações decorrem nas matas de Litandacua, em Macomia, e Litapata, em Muidumbe, duas comunidades separadas pelo rio Messalo, a cerca de 250 quilómetros da cidade de Pemba.
“Está a acontecer. Aos fins de semana estão no terreno a perseguir terroristas para tirá-los de Muidumbe e Macomia”, disse, a partir de Macomia, o membro da Força Local, grupo de paramilitares que apoia o combate aos insurgentes em Cabo Delgado.
Segundos o paramilitar, os tiroteios são ouvidos nas comunidades de Lyukwé, Nguida, Nkoe, em Macomia, e Namacande, em Muidumbe.
“É uma ação que está a acontecer e as comunidades de Nkoe, Nguida, Lyukwé e Namacande costumam ouvir tiros, mas dissemos para não se preocuparem”, referiu.
As operações de perseguição têm permitido o retorno dos camponeses aos campos agrícolas, após abandono da produção face a rumores de circulação de grupos rebeldes na região.
“Não posso avançar sobre mortes, mas há gente a ir às suas machambas [campos de produção]”, concluiu o paramilitar.
No sábado, fontes locais disseram à Lusa que os camponeses da aldeia de Xaxaxa, em Meluco, estavam a abandonar campos agrícolas por medo de novos ataques, após rumores de circulação de supostos terroristas na região.
“Ainda não fui [semear], os meus netos voltaram na terça-feira medrosos porque lhes foi dito que os rebeldes estão lá”, disse uma fonte, a partir de Meluco.
A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.
De acordo com o mais recente relatório da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos, dos 2.270 eventos violentos registados desde outubro de 2017, um total de 2.107 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).
Estes ataques provocaram, em pouco mais de oito anos, 6.341 mortos, segundo um balanço oficial.
No relatório aborda-se igualmente a movimentação de elementos do EIM nos distritos de Eráti e Memba, na província vizinha de Nampula, relatando que, “até 21 de novembro, já haviam realizado 13 ataques contra comunidades civis nos dois distritos e matado pelo menos 21 civis”, movendo-se em “pelo menos três grupos”.
“A atividade do EIM na província de Nampula atingiu o seu ponto mais alto em novembro, com 16 eventos nas primeiras três semanas do mês e a maior taxa mensal de mortalidade desde o início da insurgência”, acrescentou.
Novembro é o terceiro mês consecutivo em que o EIM tem estado ativo no norte de Nampula, marcando a atividade mais sustentada na província desde o início da insurgência, acrescenta a ACLED.
A organização admite que estas “repetidas incursões” sugerem que o grupo “pode estar a procurar reforçar as ligações existentes na área, possivelmente com vista a reforçar as rotas de abastecimento para recrutas e mercadorias”.
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