
A bordo do navio “Viana do Castelo”, ao largo da Sicília, Itália, 28 out (Lusa) — A menina, esguia, morena, tinha o olhar assustado quando a lancha semirrígida portuguesa se aproximou do barco dos migrantes, a balançar no mar azul do Mediterrâneo, e quando a subiram, ao colo, a bordo do “Viana do Castelo”.
Eram 15:25 de sexta-feira. O momento foi de grande tensão. Não é fácil conseguir acalmar mais de quatro dezenas de homens dentro de um barco sobrelotado que querem entrar no navio que os salvou do mar, vindos da Tunísia, e que queriam (e querem) chegar à Europa. Chegaram hoje ao porto de Pozzallo, na Sicília, Itália.
Recuando a sexta-feira. Os fuzileiros conduziam a operação. “Um de cada vez. Sentem-se. Um de cada vez”, gritava, em francês, um deles. Abaixo, encostado à amurada do navio, o barco velho em que viajavam balançava. Muito. O medo via-se na cara dos migrantes tunisinos amontoados para sair do barco que os trouxe da costa da Tunísia até ao largo de Lampedusa, a ilha-símbolo da crise dos refugiados de 2014. O perigo, se todos se concentrassem num dos lados, era o barco virar-se.