Marcelo quer “ilações políticas mais vastas” sobre condições de imigrantes em Portugal

Lisboa, 13 mai 2021 (Lusa) – O Presidente da República considerou hoje que deve haver “consequências e ilações politicas mais vastas” sobre as condições em que vivem os trabalhadores imigrantes em Portugal, com avaliação por antecipação de outros casos semelhantes ao de Odemira.

Em entrevista à RTP, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “há aqui problemas sociais de fundo que não têm a ver com ser-se de direita ou ser-se de esquerda, tem que ver com a dignidade das pessoas para as quais tem de se olhar”.

Questionado se é suficiente a assinatura de protocolos para resolver problemas de habitação dos trabalhadores agrícolas de Odemira e o levantamento da cerca sanitária em duas freguesias daquele concelho do distrito de Beja, o chefe de Estado respondeu: “Não”.

“Efeitos políticos houve, imediatos, retirados no plano sanitário, no plano da habitação, a título imediato e a título de prazo mais longo. Agora, há muitas situações destas no país. E, portanto, há aqui consequências e ilações politicas mais vastas”, acrescentou.

Segundo o Presidente da República, “aquilo que deu origem a decisões concretas do Governo neste caso provavelmente tem de ser avaliado por antecipação noutros casos”.

“Porque é capaz de haver outros casos em que haja dificuldade de controlo da legalização dos imigrantes ou problemas – que nós sabemos que não são só com os imigrantes, são também com os portugueses – no que respeita às condições de habitação”, justificou.

De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa “uma ilação” a retirar do caso de Odemira é o olhar sobre a imigração: “Nós somos uma pátria de emigrantes e ficamos legitimamente revoltados quando os nossos emigrantes não são bem tratados lá fora. Temos de começar a ver da mesma maneira quando são emigrantes de outros países que são imigrantes cá dentro”.

“Em segundo lugar, é abrirmos os olhos para uma realidade: precisamos dos imigrantes economicamente, e vamos precisar de mais imigrantes, mais qualificados uns, menos qualificados outros”, defendeu, referindo que estes fazem “trabalhos que os portugueses não aceitam fazer, mesmo em período de desemprego”.

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