
Investigadores da McMaster University, em conjunto com parceiros em inteligência artificial, desenvolveram um antibiótico chamado enterololin que atua diretamente contra bactérias ligadas à doença de Crohn e outras formas de inflamação intestinal. O que torna este avanço único é o uso de IA para prever como o fármaco iria atacar os microrganismos – isto é, qual o seu mecanismo de ação – antes da confirmação experimental.
Contrariamente aos antibióticos convencionais que eliminam bactérias benéficas e nocivas, enterololin é um antibiótico de espetro estreito: ataca apenas determinados patógenos da família Enterobacteriaceae, poupando grande parte da microbiota intestinal e reduzindo o risco de proliferação de bactérias resistentes.
A IA adotada utilizou um modelo generativo para testar milhões de combinações moleculares e sugerir que enterololin se liga a um complexo proteico chamado LolCDE, essencial para a sobrevivência das bactérias-alvo. Essa previsão guiou experiências laboratoriais que validaram o alvo previsto. Assim, procedimentos experimentais demorados foram acelerados.
Os autores afirmam que este método permitiu reduzir drasticamente o custo e o tempo necessários para descobrir como o fármaco atua: o processo tradicional de investigação poderia durar até dois anos e custar milhões, enquanto, com IA, foi possível concluir em meses e com um investimento muito reduzido.
O enterololin ainda está em fase de otimização para uso humano. A nova abordagem combina biologia e tecnologia e aponta para uma nova era nos antibióticos, com fármacos mais precisos e menos agressivos ao corpo.
Este avanço coloca a IA como aliada essencial na medicina do futuro, abrindo caminho para tratamentos dirigidos e eficazes contra doenças complexas do sistema digestivo.
