Entende-se como luso descendente a pessoa com ascendência portuguesa embora nascida noutro País. No caso concreto do Canadá um cidadão nestas condições pode definir-se como luso canadiano se nascido no Canadá com ascendência portuguesa ou nascido em Portugal com ascendência canadiana. Os lusos descendentes estão espalhados por todo o mundo. Somos um povo de saudades, mas mais colonos do que colonizadores e, portanto, mais integrados do que se poderia esperar à partida.
Essa integração lusitana distinguiu-nos e valorizou-nos com o orgulho próprio de um povo que descobriu e deu novos mundos ao mundo. Mas se de início essa expansão foi feita por homens valorosos, superiormente dotados e capazes de levarem a mensagem portuguesa, houve depois outras ocasiões em que a fuga precipitada e sem condições, em busca de melhores condições de vida, muito pouco contribuiu para a dignificação e afirmação social nos locais escolhidos. Hoje, a emigração portuguesa voltou a adquirir valores qualitativos de tal monta que não só empobrecem Portugal, como fazem repensar todo este tráfego e alterações de hábitos.
O tempo encarrega-se de pôr as coisas no seu sítio devolvendo muitas vezes a justiça e as verdades perdidas. Não vamos referenciar todos nem alguns lusos descendentes de sucesso e de relevo por esse mundo fora, porque seria exaustivo e fastidioso. Mas é de elementar justiça realçar com satisfação o facto do novo ministro das Finanças da província canadiana do Ontário chamar-se Charles Sousa, um luso descendente de 57 anos, fruto desses movimentos migratórios e cujas capacidades são reconhecidas, não importando as origens.
Sabe-se que cerca de 2% da população do Canadá é de origem portuguesa. Muitos não se legalizaram ainda porque receiam o pior. Depois de alcançado o mais difícil, isto é, a entrada no País ambicionado, porquê tratar da legalização se se corre o risco de rejeição? Assim, enquanto se mantém o anonimato desfruta-se da possibilidade de se trabalhar, vencer e convencer. Há sempre o conforto de se pensar que existem companheiros que chegaram há mais tempo e também não trataram da legalização e nada aconteceu.
É por esta razão que os números oficiais nunca correspondem à realidade. Passa-se aqui e em todo o lado. Não sendo esta prática uma norma portuguesa, sabe-se que muitos correm esse risco e, por vezes, quando eles próprios já constituíram família e originaram luso-descendentes, conhecem o dissabor de se justificarem e sujeitarem aos ditames da lei.
A Direção