LÍDER DO PARTIDO DA UNIDADE NACIONAL DA GUINÉ-BISSAU DIZ QUE FOI AMEAÇADO DE MORTE

Lisboa, 25 mai 2020 (Lusa) — O líder do Partido da Unidade Nacional (PUN), formação extraparlamentar na Guiné-Bissau, Idrissa Djaló, disse hoje que foi alvo de ameaça de morte por parte de um desconhecido, através de uma mensagem de voz.

Em conferência de imprensa, Idrissa Djaló revelou uma gravação áudio, em crioulo, em que se ouve um homem, durante seis minutos, a proferir ofensas e ameaças de violência física e de morte contra a sua pessoa.

O homem considera Djaló como sendo “uma voz incómoda e perturbadora”, um elemento de atraso no avanço da Guiné-Bissau e da afirmação do estado de direito democrático.

O homem acusa ainda Idrissa Djaló de beneficiar do erário público em troca de perturbação do poder político, dando o exemplo da forma como sempre criticou o antigo Presidente guineense José Mário Vaz.

“É chegada a altura de te fazer desaparecer, tu Idrissa Djaló. Estamos decididos para matar 20, 40 pessoas para que o resto dos guineenses vivam melhor. Estamos decididos a fazer isso”, disse o homem.

Sempre em tom de ameaça, o homem desafiou Idrissa Djaló a insultar o novo Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, prometendo-lhe “represálias sérias”.

O ameaçador de Djaló criticou o facto de este se ter levantado contra o espancamento do deputado Marciano Indi, explicando que aquele foi raptado e agredido fisicamente, na passada sexta-feira, por ter insinuado que Sissoco Embaló não ganhou as eleições presidenciais e que chegou à liderança do país pela força dos militares.

O homem afirmou ainda que a Guiné-Bissau “deixou de ser uma república das bananas” e que quem insultar a figura do Presidente da República será castigado.

“Tu, Idrissa Djaló, fica sabendo que és o próximo. Estamos decididos a fazer-te desaparecer, vocês os perturbadores da Guiné”, avisou o homem, referindo que o atual poder veio para ficar na Guiné-Bissau.

E instou os apoiantes de Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e candidato derrotado nas eleições presidenciais de dezembro, a irem viver com aquele, que se encontra atualmente em Lisboa.

Depois de exibir a gravação para os jornalistas, Idrissa Djaló disse que não vai abandonar o combate político “pela afirmação do estado de direito, pela verdade e justiça” na Guiné-Bissau e que se isso lhe custar a vida “então que assim seja”.

Djaló avisou que o país poderá estar a caminhar para confrontação na medida em que, disse, os guineenses “não vão permitir assassínios seletivos, como no passado” e deu o exemplo da resposta da população da vila de Safim no dia em que o deputado Marciano Indi, da Assembleia do Povo Unido — Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) foi raptado por desconhecidos.

O líder do PUN disse estar a vislumbrar sinais de que os guineenses “nunca mais vão permitir que os seus eleitos sejam assassinados” em consequência de jogos políticos e deu o exemplo de desmembramento de países africanos em consequência de violência gratuita em nome do estado.

“Ninguém tem o monopólio da violência. A sociedade tem limites de aceitação da violência e quando esta é inaceitável traz a revolta e a guerra”, observou Idrissa Djaló.

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