Liberal abandona corrida eleitoral após sugerir entrega de rival à China

Foto: X Paul Chiang

O candidato liberal de Markham-Unionville, Paul Chiang, informou o seu afastamento das eleições federais. Em causa estão os seus comentários de que um adversário político, o conservador Joe Tay, devia ser entregue às autoridades chinesas em troca de uma recompensa. A Royal Canadian Mounted Police (RCMP) confirmou, a 31 de março, que abriu uma investigação sobre o assunto.

Chiang anunciou a sua saída nas redes sociais, afirmando não querer provocar distrações enquanto o primeiro-ministro canadiano e a ‘Equipa Canadá’ trabalham para enfrentar o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, e proteger a economia. Chiang pediu inclusive desculpa pelos seus comentários e informou a intenção de o fazer pessoalmente a Tay.

A Associação de Toronto para a Democracia na China afirmou, num comunicado de imprensa, que Chiang disse que todos os presentes no evento poderiam reclamar uma recompensa “se levassem [Tay] ao consulado chinês de Toronto”.

A RCMP não forneceu, até ao fecho desta peça, detalhes sobre a investigação, mas adiantou que

a interferência de atores estrangeiros, incluindo casos de repressão transnacional, “continua a ser uma ameaça generalizada no Canadá”.

A polícia de Hong Kong ofereceu uma recompensa de cerca de 180 mil dólares por informações que levem à detenção de seis ativistas, incluindo Tay, que está a concorrer em Don Valley North.

O líder dos liberais, Mark Carney, disse que os comentários de Chiang eram ofensivos e um “terrível lapso de julgamento”, mas apoiou o seu candidato, chamando-lhe uma “pessoa íntegra” que serviu a sua comunidade como agente da polícia.

O líder conservador, Pierre Poilievre, criticou a decisão de Carney de manter Chiang na corrida e defendeu que Tay ficou muito abalado com os comentários.

O líder do NDP, Jagmeet Singh, também considerou os comentários de Chiang “arrepiantes” e “assustadores”, opondo-se à decisão de Carney.