Julie Dzerowicz fala ao CMC sobre a sua recandidatura, os programas que quer manter e o envolvimento dos luso-canadianos

Julie Dzerowicz recandidata-se pela quarta vez

Nas eleições federais de 28 de abril, a deputada federal Julie Dzerowicz recandidata-se pelo círculo de Davenport, em Toronto, onde reside uma das maiores comunidades portuguesas do Canadá. Em entrevista ao Correio da Manhã Canadá (CMC), a política explica o que a motiva a procurar um novo mandato, apresenta as suas prioridades e comenta o papel do novo líder liberal, Mark Carney, num contexto de incerteza económica e de desafios nas áreas da habitação e da imigração.

 

Correio da Manhã Canadá: O que a motiva a procurar a reeleição?

Julie Dzerowicz: Faço-o por duas razões principais. Primeiro, o Trump infelizmente iniciou uma guerra económica contra o Canadá e contra grande parte do mundo. Isso fez com que as nossas economias se tornassem muito imprevisíveis. E o que está a acontecer é que há um grande receio relativamente aos empregos das pessoas, aos seus investimentos, se as empresas conseguem sequer fazer algum planeamento.

Decidi concorrer porque Mark Carney se tornou líder do nosso Partido Liberal e depois primeiro-ministro. Mark Carney tem 30 anos de serviço público. É filho de dois professores. Tornou-se governador do Banco do Canadá, depois do Banco de Inglaterra, e regressou ao Canadá. Trabalha como executivo, tem experiência com as Nações Unidas nas alterações climáticas e na habitação. Precisamos de um líder que seja calmo, com experiência, que entenda de economia e negócios, e que saiba quais as ações que vão criar mais empregos no Canadá e garantir que as nossas pensões e os nossos investimentos estão protegidos.

A segunda razão é que fizemos muitos progressos com vários programas. Os dois mais populares junto da comunidade portuguesa são o programa nacional de cuidados infantis, com uma poupança entre 11 mil e 13 mil dólares por ano por criança. Quero protegê-lo. Os conservadores não votaram a favor. O segundo programa, muito popular entre os nossos seniores, é o programa nacional de cuidados dentários. Tem sido uma tábua de salvação para a nossa comunidade portuguesa.

 

CMC: Quais são as suas principais prioridades?

JD: Na nossa comunidade, as pessoas estão receosas quanto aos seus empregos. É muito importante que saibam onde estão os empregos, onde estão as oportunidades de formação, como aceder a estágios e profissões qualificadas. Com o Presidente Trump a atacar-nos do ponto de vista económico, sim, vamos perder alguns empregos, mas como estamos a eliminar barreiras ao comércio interprovincial, também vamos criar mais empregos.

Várias pessoas dizem-me: Julie, o meu filho quer ser eletricista, a minha filha quer ser carpinteira, mas temos dificuldade em aceder aos estágios. O Governo federal investiu muito nesses programas, mas tornámos difícil o acesso. Temos de o facilitar. Vamos duplicar o ritmo de construção de habitação: de 250 mil casas, apartamentos e cooperativas por ano para quase 500 mil por ano. Isso exige trabalhadores. Primeiro, vamos encontrar um caminho para a cidadania para trabalhadores da construção sem estatuto legal. Depois vamos trabalhar com o setor, sindicatos e Governo para saber de quantos trabalhadores precisamos.

Outra coisa: saúde. A saúde é da competência provincial. O Governo federal pode dar dinheiro, mas a província é que tem de prestar os serviços. Aqui em Ontário, não estamos a ver os resultados. Ainda há demasiadas pessoas que precisam de mais serviços de saúde mental, de cuidados domiciliários, de acesso a médico de família. O meu compromisso é garantir que o dinheiro federal seja usado com transparência para melhorar os cuidados de saúde.

 

CMC: O que podemos esperar do Partido Liberal em matéria de imigração?

JD: O Governo liberal acredita na imigração. Acreditamos que os imigrantes são bons para o país. Trabalham, pagam impostos, contribuem. Mas houve um problema com os consultores de estudantes internacionais que abusaram do sistema. Pedimos desculpa, demoramos a agir. Reduzimos o número de estudantes internacionais e o número total de imigrantes. Temos de restaurar a integridade do sistema.

Temos muitos trabalhadores da construção aqui há 10, 15 anos. É essencial encontrarmos um caminho para a cidadania para essas pessoas. Alocamos 6 mil vagas. Na minha opinião pessoal, se houver mais candidatos que estejam legais e sem registo criminal, esse número pode aumentar. Vamos garantir que os empregos são para canadianos primeiro e que os imigrantes vêm para preencher lacunas reais.

 

CMC: O que ganharia a comunidade portuguesa com a permanência dos liberais no poder?

JD: Neste momento trata-se de escolher: querem Mark Carney como primeiro-ministro do Canadá ou Pierre Poilievre? Pierre Poilievre não votou a favor do plano de cuidados dentários. Não votou a favor dos cuidados infantis. Temos outros programas – o abono de criança, o programa de deficiência, o aumento para seniores. Não sei o que lhes vai acontecer. Os conservadores não votaram a favor. Mark Carney vai proteger esses programas, comprometeu-se com um grande plano de habitação e vai manter o rumo atual em matéria de imigração.

 

CMC: Tem alguma mensagem para a comunidade portuguesa?

JD: Há muita desinformação. Diz-se que Mark Carney é igual a Trudeau, mas são muito diferentes. Trudeau não tinha formação em economia. Mark Carney tem e tem o respeito da comunidade empresarial. Leiam várias fontes de informação credíveis. Informem-se. E votem. Por favor, votem em quem reflete os vossos valores. Votem em quem vai proteger as vossas pensões e os programas que valorizam. É importante que os portugueses tenham uma palavra a dizer sobre quem será o seu representante.

 

porque quando é o Presidente Trump é com P maiúsculo e quando é outros presidentes e primeiros-ministros temos de usar minúsculo?