Israel volta a atacar Gaza após anúncio de regresso ao cessar-fogo

Jerusalém, Israel, 29 out 2025 (Lusa) — O Exército israelita reivindicou hoje um “ataque direcionado” a um alegado depósito de armas no norte da Faixa de Gaza, com o objetivo de “eliminar uma ameaça de ataque terrorista” no território palestiniano.

“O Exército realizou um ataque preciso na zona de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, visando uma infraestrutura terrorista onde estavam armazenadas armas e meios aéreos, destinadas a serem utilizadas num iminente ataque terrorista contra soldados israelitas e o Estado de Israel”, informou um comunicado militar.

Após este anúncio, Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil da Faixa de Gaza, afirmou à agência France-Presse (AFP) que uma pessoa tinha sido morta num ataque aéreo em Beit Lahia e levada para o Hospital Al-Shifa.

O Exército israelita tinha anunciado anteriormente que retomava o cessar-fogo com o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, em vigor desde 10 de outubro, após intensos bombardeamentos no território.

Os ataques israelitas durante a última noite mataram mais de 100 pessoas, incluindo dezenas de crianças, segundo os hospitais e a Defesa Civil das autoridades do enclave palestiniano, controladas pelo Hamas.

Antes dos ataques aéreos, Israel acusou o Hamas de violar o cessar-fogo e de abater um soldado israelita na terça-feira em Rafah, no sul do enclave palestiniano, uma alegação rejeitada pelos islamitas.

Além disso, a decisão de atacar a Faixa de Gaza foi tomada no seguimento de um incidente relacionado com a entrega de um corpo de um refém mantido na Faixa de Gaza, ocorrida na segunda-feira à noite, ao abrigo do acordo de cessar-fogo.

Análises forenses revelaram porém que os restos mortais devolvidos pelo Hamas pertenciam a um antigo refém já recuperado e sepultado há quase dois anos e não a um dos 13 corpos ainda por entregar.

Depois dos primeiros ataques israelitas na terça-feira, o Hamas adiou a devolução de um corpo que tinha anunciado para o mesmo dia.

No âmbito do entendimento, o Hamas entregou os últimos 20 reféns vivos que mantinha no enclave palestiniano, mas apenas 15 dos 28 que estavam mortos, alegando dificuldades em encontrar os corpos entre os escombros do território devastado por mais de dois anos de conflito.

Em troca dos reféns, Israel libertou quase dois mil presos palestinianos e entregou 195 corpos.

A primeira fase do acordo, impulsionado pelos Estados Unidos e negociado ao longo de vários dias com a mediação de outros países (Egito, Qatar e Turquia), prevê a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.

A etapa seguinte do entendimento, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

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