
Jerusalém, Israel, 04 ago 2025 (Lusa) — Israel quer colocar a questão dos reféns em Gaza “no centro da agenda internacional”, afirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, na véspera de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o assunto.
“Isto tem de estar no centro da agenda global. Vou viajar para Nova Iorque esta noite para participar numa sessão especial do Conselho de Segurança da ONU que convoquei e que se realiza amanhã [terça-feira] sobre a situação dos reféns”, disse Gideon Sa’ar, durante uma conferência de imprensa realizada em Jerusalém.
“Por isso, contactei os meus homólogos e pedi-lhes que colocassem, com urgência, a questão dos reféns no centro da agenda global”, explicou.
A publicação, desde quinta-feira, pelo movimento islamita palestiniano Hamas e pelo aliado Jihad Islâmica, de três vídeos que mostram dois reféns israelitas gravemente debilitados e emagrecidos causou comoção e reacendeu o debate em Israel sobre a necessidade de se chegar a um acordo o mais rapidamente possível para libertar os reféns sequestrados durante o ataque do Hamas contra Israel, que desencadeou a guerra, a 07 de outubro de 2023.
Das 251 pessoas raptadas durante esse ataque, 49 permanecem detidas em Gaza — 27 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelita — depois de duas tréguas que permitiram a libertação das restantes.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que já tinha criticado, no sábado, “a crueldade” do Hamas, disse, no domingo à noite, “estar chocado” com estes “vídeos de horror” dos “preciosos filhos” de Israel.
“Vê-los a definhar na masmorra. E os monstros do Hamas (…) têm tudo o que precisam para comer. Matam-nos à fome como os nazis mataram à fome os judeus”, criticou.
“Não quer um acordo. [O Hamas] quer destruir-nos, através desta propaganda abominável, mentirosa e atroz que espalha pelo mundo. Mas não vamos ceder. Estou ainda mais determinado a libertar os nossos reféns, a erradicar o Hamas e a garantir que Gaza deixe de representar uma ameaça para o Estado de Israel”, declarou.
Benjamin Netanyahu pediu no domingo ajuda ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para “fornecer alimentos” e “tratamento médico” aos reféns israelitas mantidos na Faixa de Gaza.
O Hamas exigiu, em troca, a abertura de “corredores humanitários (…) para a passagem de alimentos e medicamentos” para o território palestiniano, devastado por quase 22 meses de guerra e ameaçado por “fome generalizada”, segundo a ONU.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por ataques ao território israelita, realizados por vários grupos liderados pelo Hamas em outubro de 2023. Esses ataques causaram, segundo as autoridades israelitas, cerca de 1.200 mortos, além de cerca de 250 reféns.
Em retaliação, Israel prometeu extinguir o Hamas e tem bombardeado e atacado por terra a Faixa de Gaza desde então, causando, até agora, mais de 60.300 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde palestiniano, controlado pelo Hamas, mas considerados fiáveis pela ONU.
Além disso, bloqueou a entrada no enclave de bens essenciais como alimentos, água, medicamentos e combustível e forçou a deslocação de centenas de milhares de pessoas.
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