IMPLANTAÇÃO – DA REPÚBLICA E DO VÍRUS

Correio da Manhã Canadá

Ontem comemorou-se em Portugal um dos feriados nacionais mais importantes: o 5 de outubro que assinala os 110 anos da Implantação da República Portuguesa.

As cerimónias, como seria expectável, foram condicionadas pelas restrições sanitárias e pelo facto de um dos conselheiros de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa ter testado positivo à Covid-19. Imaginamos como não terá sido o ambiente durante largas horas. Tudo a fazer “testes, testes e mais testes”.

Tanto o primeiro-ministro português, como o Presidente da República, como Ferro Rodrigues, puderam respirar de alívio, porque deram todos negativo e “ala que se faz tarde” a caminho das celebrações. Mas enquanto não se sabiam os resultados, ficou uma pergunta no ar: seria Marcelo Rebelo de Sousa o próximo chefe de estado infetado com a Covid-19?

O próximo, porque não se fala de outra coisa sem ser de Donald Trump. O presidente dos EUA está infetado com o novo vírus. O mundo ficou em suspenso à espera de saber o desfecho desta história (Fará Trump um regresso triunfal depois do internamento? Ou avizinha-se uma morte inesperada que inicia um problema de sucessão a um mês das eleições? Ou ainda, ficará o presidente dos EUA com sequelas da doença e incapaz de governar?). Não se sabe. Certamente serão cenas dos próximos capítulos.

Mas no portefólio, para além de Trump, a Covid-19 parece andar a infetar os chefes de estado que começaram por desvalorizar o vírus no início da pandemia. Recorda-se, com certeza, de nomes como Jair Bolsonaro, ou o britânico Boris Johnson (que teve de passar mais de uma semana nos Cuidados Intensivos) e o herdeiro do trono e futuro chefe de Estado do país, Príncipe Charles.

Voltando ao feriado, Marcelo disse que “não queremos ditaduras em Portugal” e deixou um apelo nacional: “É preciso sobrepor o interesse coletivo aos interesses pessoais” em tempos de pandemia e crise económica e social.

Outra frase que nos deixa a pensar. Será que Trump alguma vez relevou o interesse coletivo aos seus próprios interesses? Estamos a falar de um país onde a Covid-19 infetou mais de 7 milhões de pessoas e matou mais de 200 mil. Estamos a falar de um país que faz fronteira com o Canadá.

Enfim, por isso, resistência, como diz Marcelo: “Temos que continuar a resistir na vida de na saúde”. Assim seja!