HÁ TRÊS ANOS NASCIA A CMCTV. E NÃO FOI NUM DIA QUALQUER!

Correio da Manhã Canadá

A estreia da CMCTV acontece simbolicamente no Dia do Canadá, país que acolhe cerca de 550 mil portugueses”. Foi assim que há três anos se anunciava, no Correio da Manhã em Portugal, a inauguração da CMCTV. A data escolhida não foi ao acaso. Poderia ter sido em qualquer outro dia – o Dia de Portugal, quem sabe – mas a escolha recaiu sobre o dia nacional do país, o aniversário do Canadá, como muitas vezes é apelidado.

A coincidência da estreia da CMCTV e do Dia do Canadá é mais um reflexo do sentimento de integração da comunidade portuguesa na sociedade canadiana. Não há cisão, mas sim união. É frequente ouvirmos, aliás, de políticos e não só, que falar canadianos é também falar da diáspora de Portugal e que essa distinção não existe ou, pelo menos, não está na base de posturas discriminatórias, mas apenas na valorização da herança portuguesa, que também faz parte do ADN dos luso-canadianos.

Se o Canadá é diversidade e multiculturalismo, celebrar o dia nacional do país é também celebrar os portugueses. É isso mesmo que diz Carlos Teixeira, professor catedrático de British Columbia (B.C.), numa entrevista que pode ler nesta edição especial dedicada ao “Canada Day”, a partir da página 10. Natural dos Açores, o académico tem dedicado grande parte da sua vida ao estudo da comunidade luso-canadiana e garante que o Canadá é dos países do mundo que mais se aproxima da “perfeição” no que toca à integração de imigrantes.

É claro que não é tudo um mar de rosas e, curiosamente, a pandemia da covid-19 – e as próprias discussões decorrentes da onda de protestos antirracismo – têm evidenciado falhas na inclusão de migrantes. Nas palavras de Carlos Teixeira, “quando a economia não funciona, quando há epidemias e outras catástrofes naturais, os imigrantes são os primeiros a pagar o preço”. Isso é visível, por exemplo, no elevado número de trabalhadores migrantes infetados pelo coronavírus e nos relatos de falta de condições de segurança no trabalho e na habitação no seio dessas comunidades, no Canadá.

É com este pano de fundo que celebramos, este ano, o “Canada Day” e o 3.º aniversário da CMCTV. Com a convicção, por experiência própria, de que o Canadá é sinónimo de inclusão, mas também com a certeza de que há ainda um caminho a percorrer. À comunidade luso-canadiana, que se orgulha da sua tolerância e das conquistas no país de acolhimento, também cabe um papel, na promoção da diversidade e da integração. Sejamos, como canadianos, portugueses, luso-canadianos, um exemplo a seguir!