
As tarifas impostas por Donald Trump contra o Canadá, o México e a China são motivo de discussão e revolta política e comunitária. Também a comunicação social dos Estados Unidos da América (EUA) tem destacado as tarifas sob diferentes perspetivas, com preocupação pelos impactos.
A incerteza em torno do que pode resultar da guerra comercial iniciada a 4 de março tem sido motivo de destaque, com receios também dos americanos que podem ser arrastados por uma maré de consequências devastadoras para o comércio e a economia.
Justin Trudeau conversou, por telefone, com Donald Trump a 5 de março. Trudeau disse ter enfatizado várias vezes o impacto negativo das tarifas para ambos os países.
Entretanto, o premier de Ontário afirmou que ele e o primeiro-ministro estão alinhados na posição de que o Canadá não fará concessões em relação às tarifas. Doug Ford sugeriu que o Canadá não vai remover nenhuma das suas tarifas retaliatórias, a menos que todas as tarifas americanas sejam removidas. Ford acrescentou ainda que as tarifas de 25% sobre a eletricidade estão previstas para ser aplicadas aos EUA a partir de 10 de março.
Em relação à isenção de um mês anunciada por Trump para três fabricantes de automóveis, Ford afirmou que um alívio temporário não é suficiente para o Canadá ou Ontário encerrar as suas medidas retaliatórias.
O Canadá reforçou a união em resposta à situação. Numa resposta unificada, os premiers do Canadá concordaram em reduzir as barreiras ao comércio interprovincial na esperança de fortalecer a economia doméstica do país.
Os líderes do Canadá afirmam que as barreiras ao comércio interno aumentam os custos para empresas e consumidores, limitando o crescimento económico.
Os governos federal e provinciais direcionaram o Comitê de Comércio Interno para trabalhar com o Fórum de Ministros do Mercado de Trabalho, a fim de fornecer um plano de reconhecimento de credenciais em todo o Canadá até 1 de junho.
Enquanto isso, os governos provinciais e territoriais já avançaram com a retirada de bebidas alcoólicas dos mercados geridos pelos próprios e instaram as empresas privadas a fazer o mesmo.
A medida canadiana suscitou reações no outro lado da fronteira. O governador de Kentucky, Andy Beshear, democrata num estado conservador e opositor às tarifas de Trump, disse que estas tarifas vão causar danos significativos às pessoas e empresas. Beshear sublinhou que as retaliações podem ser devastadoras para a indústria de bourbon, colocando em risco os cerca de 23 mil empregos do setor.
Também o CEO da Brown-Forman, fabricante de Jack Daniel’s, Lawson Whiting, afirmou que a decisão das províncias de retirar as bebidas alcoólicas americanas das prateleiras foi “pior do que uma tarifa” e uma “resposta desproporcional”.
Mas não são só os governos a impor retaliações. Os próprios canadianos estão a afirmar a defesa do seu país. Depois da onda pró-consumo de produtos canadianos, algumas famílias estão mesmo a cancelar as reservas de viagens para os EUA como forma de protesto.
A 6 de março, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, informou que os bens e serviços em conformidade com o acordo de livre comércio assinado entre os países em 2018 ficam isentos das tarifas durante um mês.
