GOD BLESS AMERICA

Ao oitavo dia das eleições americanas ainda se registam focos de contestação nas ruas, mas os mercados já estabilizaram, crescem as mensagens de incentivos ao diálogo e tudo parece ganhar a melhor forma para que Donald Trump, o Presidente eleito, possa tomar posse, no dia 20 de janeiro, como o 45º Presidente dos Estados Unidos da América.

Para todos os efeitos, Trump mereceu a confiança do povo americano, quando menos se esperava. Raras eram as sondagens que lhe atribuíam a esmagadora vitória que alcançou. Viveu-se uma campanha polémica e muito pobre. Esteve-se perante dois candidatos que se tornaram indesejáveis e venceu, precisamente, aquele que à partida estava fora do sistema político.

O magnata era descrito como o arruaceiro que fazia promessas controversas e que incomodava o seu próprio partido. O eleitor típico de Trump era descrito como o homem branco sem formação superior, para não se dizer rude e incómodo. Todo o ambiente pré-eleitoral parecia alinhado com Hillary Clinton. Ela teve todo o tempo do mundo para se preparar. Deixou o cargo de Secretária de Estado do governo de Obama para se dedicar, exclusivamente, ao desafio eleitoral. Queria ser a primeira mulher a presidir à nação mais poderosa do mundo e as sondagens foram-lhe sempre amigas e favoráveis.

Todo o poder estava ao lado de Clinton, mas quando o povo americano viu nos palcos da campanha os casais Obama e Clinton apercebeu-se que algo estava errado. O testemunho estava a ser passado dos mais jovens para os mais velhos. Parecia uma transição contranatura, a que os americanos não estão habituados. Ao mesmo tempo acharam demais o envolvimento tão declarado do ainda Presidente de todos os americanos.

As promessas e declarações de Donald Trump eram consideradas alarmantes, ao ponto de o próprio partido o ter deixado a falar sozinho. E foi nessa qualidade que o magnata se transformou no Presidente eleito dos Estados Unidos. Os americanos votaram no homem que não é político e preferiram o confronto de ideias ao establishment.

Seguramente, Trump irá suavizar algumas das declarações feitas, nomeadamente no que se refere ao comércio livre, clima, fronteiras, NATO, entre muitos outros temas. A controvérsia, no entanto, também gera consensos e o primeiro sinal de apoio partiu da Rússia, que espera reatar as melhores relações com os Estados Unidos. No entanto, o alinhamento de ideias entre Trump e Putin poderá ter tanto de tranquilizador como de especulativo.

Fora da América parece haver mais preocupação pela eleição de Trump. No entanto, há que reconhecer que esta vitória foi um facto político relevante, uma vez que se tratou de uma eleição difícil sem o apoio dos media, do sistema político, dos poderes financeiros, artísticos, universitários e todos os outros. Donald Trump valeu-se a si próprio. Espera-se que seja abençoado para bem de todos.

A Direção