FRANCISCO PERES, UM REALIZADOR A CONQUISTAR O CANADÁ

francisco_peres3Foi um estágio subsidiado pelo governo que tornou os sonhos de Francisco em realidade. Francisco Peres é uma alma lusa que emigrou em 2011 para o Canadá, ao abrigo do projeto InovArt.
Não sabia o que o aguardava, mas a verdade é que, à sua espera, estava muito mais do que alguma vez imaginou. Montreal, cidade que o acolheu, deu-lhe tudo aquilo que um formando em Cinema espera: um contrato nas áreas de cinema, televisão e produção.
Nem o tempo pouco amistoso o demoveu. Afinal de contas, «a jornada ainda nem a meio vai».

Em Montreal, há com certeza uma alma portuguesa
Francisco Peres não tinha equacionado a possibilidade de viver num outro país até ter concorrido ao projeto InovArt. Aquilo que foi tomado como um estágio profissional de seis meses acabou por lhe abrir as portas para o mundo do ensino, cinema e produção internacional.
Em julho de 2011, pouco tempo depois de ter chegado a esta cidade do Norte da América, Francisco foi convidado a lecionar «a tempo inteiro como professor de todas as áreas de Cinema e Televisão e gestor de Produções», conta o português.
Nunca mais parou. Participou ativamente nos «mais diversos projetos pedagógicos, artístico-culturais, comunitários e de justiça social» e tenta sempre mostrar no seu quotidiano a sua própria definição da cultura lusa. Tanto que gostava de «criar uma plataforma de ponte entre Portugal e o resto do mundo», confessa. O objetivo maior assenta na exposição das «capacidades e talento da sociedade portuguesa com o intuito de criar sinergias internacionais entre Portugueses e outras culturas», advoga Francisco.

Welcome home my friend
Sentiu-se em casa desde o primeiro momento. Sociável por natureza, foi travando desde cedo contacto com habitantes locais e outros imigrantes no país. Estava a uma semana da aventura e cedo foi presenteado com o habitual «Welcome home my friend».
Hoje, há o reverso da moeda. Agora é Francisco quem saúda os novos imigrantes e lhes dá as boas-vindas com uma expressão bem portuguesa e conhecida de todos nós: «Bem-vindo a casa, amigo».

neveAnalogias e divergências
Não há bela sem senão. No caso de Francisco, ou se tem sol ou se escolhe o nevão.
Francisco escolheu a neve. Preferiu o frio de Montreal ao calor de Portugal.
Não pretende regressar ao país que o viu nascer. No coração traz a saudade da família, do calor e sol lusitanos.
Classifica Montreal como a cidade «mais multicultural do norte da América» e defende ainda que esta cidade é «criada por e para gente vinda das mais diversas culturas e religiões». Assemelha-se a um «microcosmos anglófono: temos um país dividido entre a cultura inglesa e a cultura francesa, criando uma interessante crise de identidade social», elucida Francisco Peres.
Francisco retrata o Canadá como um país onde o enorme sentido de comunidade e desenvolvimento permitem a criação «de novas ideias, projetos, sinergias que em Portugal acabam por ser trocados por rivalidades desportivas e invejas absurdas que nada refletem a verdadeira alma portuguesa».

Não há ensino como o de Portugal
Há quatro anos a viver fora e integrado num sistema de ensino diferente do português, Francisco pôde constatar que existem diferenças significativas entre os dois países, na área da educação.
O português descreve o sistema educativo do Canadá como «superficial e básico». Diz Francisco: o «sistema de ensino português prepara-nos muito mais para a vida do que nos apercebemos estando em Portugal, mas quando se sai e se compara com outros sistemas de ensino, apercebemo-nos rapidamente que Portugal é bastante superior em termos de sistema educativo».

francisco-peres1Igual a si mesmo
Muita coisa mudou em si desde que Francisco saiu de Portugal. Mudou a forma como olha o mundo, amadureceu enquanto ser físico e intelectual.
Outras coisas permaneceram perenes no tempo. Permaneceu o amor e carinho pela família, por um país que ainda é seu. Permaneceu a sua essência de visionário e a paixão por uma caixa mágica e particularidades associadas.
O Francisco, esse, permanece igual a si mesmo. Sem mais vírgulas ou pontos finais. Afinal de contas, «para um português, oportunidades existem onde quer que se esteja desde que se seja honesto, trabalhador e sonhador», diz Francisco Peres. Esta experiência apenas o fez, e continua a fazer, «evoluir enquanto pessoa».

Mais do que tudo é um Coração Luso
“Ser português, para mim, é como Fernando Pessoa escreve: é saber que ‘não sou nada./Nunca serei nada./Não posso querer ser nada’. Mas, ‘à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.’
Tenho, para sempre, um coração luso.”