FMI espera que aperto da política monetária se mantenha até 2025

Marraquexe, Marrocos, 10 out 2023 (Lusa) — O FMI espera que a orientação restritiva da política monetária se mantenha até 2025 e prevê pressão adicional nos bancos nas principais economias.

Na atualização das previsões económicas mundiais, divulgadas no âmbito das reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que decorrem durante esta semana em Marraquexe (Marrocos), a instituição dá nota do impacto da política monetária para controlar a inflação na economia e no crédito.

O FMI prevê que a inflação global diminua de 8,7% em 2022 para 6,9% em 2023 e 5,8% em 2024, uma revisão em alta em 0,1 ponto percentual (p.p.) e 0,6 (p.p.) respetivamente, não esperando que regresse à meta da maioria dos bancos centrais até 2025 na maioria das economias.

“A inflação global caiu mais de metade, do seu pico de 11,6% no segundo trimestre de 2022 (a uma taxa homóloga trimestral) para 5,3% no segundo trimestre de 2023”, refere, destacando que a queda dos preços da energia e — em menor grau — dos preços dos produtos alimentares impulsionou a redução.

No relatório, o FMI salienta que “os rápidos aumentos das taxas nas principais economias avançadas ao longo dos últimos 18 meses”.

Para o FMI, esta foi uma “resposta necessária ao rápido aumento das pressões inflacionistas, resultaram numa orientação restritiva da política monetária — taxas reais acima das taxas neutras — que deverá continuar até 2025”.

A instituição dá nota de que “os sinais são de que uma política monetária mais restritiva começou a influenciar o sistema financeiro”, exemplificando que dados relativos aos Estados Unidos e na Europa indicam que os bancos restringiram consideravelmente o acesso ao crédito durante o ano passado e que deverão continuar a fazê-lo nos próximos meses.

“Há também sinais claros de que condições de crédito mais restritivas estão a afetar cada vez mais a atividade real”, assinala.

Segundo o FMI, é “provável que taxas de juro mais elevadas coloquem os bancos sob pressão crescente nas principais economias, tanto diretamente (através de custos de financiamento mais elevados) como indiretamente (à medida que a qualidade do crédito se deteriora)”.

O relatório dá nota de que os mercados imobiliários já têm reagido, com os preços da habitação a abrandar ou a reverter em alguns países e as falências a começarem a aumentar em algumas economias (aumento de 20% nos Estados Unidos durante o último ano), à medida que as medidas de tolerância em tempos de pandemia são gradualmente retiradas.

“As falências continuam a ser mais baixas do que antes da pandemia na maioria dos países, mas estão a aumentar rapidamente”, pode ler-se.

AAT // MSF

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