A Polícia Judiciária (PJ) do Centro deteve um homem de 75 anos na localidade de Garrucha, concelho Tondela, por suspeita de fogo posto, que foi denunciado pelo próprio filho.
“Vi o meu pai a atear as chamas com fósforos, por muito que me custe, não podia deixar passar”, disse ao CM o denunciando, que pediu anonimato por se tratar do próprio pai, que hoje vai ser ouvido em tribunal.
O caso inédito passou-se na terça-feira à noite, e a PJ afirmou ontem, em comunicado, que “o suspeito, atuando num quadro de vingança, por impulso e sob a influência de álcool, com fósforos ateou, em poucos minutos, dois focos de incêndio de pequenas dimensões”. O fogo só não atingiu maiores proporções porque o filho surpreendeu, pelas 23h00, o pai em flagrante e o apagou. Apesar disso, cerca de 20 minutos depois, o pai regressou ao mesmo local, nas imediações da casa de um vizinho de quem supostamente não gostava, e voltou a pegar fogo ao mato. Perante isto, o filho, temendo que pudesse acontecer uma terceira vez entregou o pai às autoridades.
“É uma situação muito grave, podia ter ardido tudo e pôr em risco as pessoas. Se fosse o furto de uma enxada era diferente”, explicou. A atitude do filho do suspeito não surpreendeu o vizinho Ramiro Matos, de 78 anos, e a mulher, Margarida Fonseca, de 80. “É uma pessoa muito justa, uma joia de rapaz”, diz Ramiro. Há um ano que o filho e os vizinhos andavam desconfiados de que o homem já tinha ateado um fogo de grandes dimensões na zona.
Ontem foi apanhado em flagrante. “Até veio em cuecas atear o fogo”, conta Ramiro Matos. Desde o início deste ano a Judiciária já deteve 35 suspeitos de crime de fogo posto. Só ontem foram detidos cinco no Norte e Centro do país.
Os incêndios florestais já provocaram este ano em Portugal a morte a três bombeiros e fizeram dezenas de feridos.