Fábrica de gás consolida posição de Moçambique como ‘hub’ energético de África

Maputo, 03 nov 2025 (Lusa) – O Presidente moçambicano disse hoje que a nova fábrica de gás doméstico, inaugurada em Inhassoro, província de Inhambane, vai consolidar a posição do país como “‘hub’ energético” da África Austral, integrando a visão mais ampla de transformação económica nacional.

O chefe de Estado moçambicano, Daniel Chapo, falava durante a cerimónia de inauguração da nova Fábrica de Processamento Integrado (FPI), em Inhambane, no sul do país, a qual contou também com a participação do Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

Daniel Chapo afirmou que, com a nova plataforma, que resulta do Acordo de Partilha de Produção (PSA) entre Moçambique e a petrolífera sul-africana Sasol, num investimento de mil milhões de dólares (866 milhões de euros), o país entra na era da transformação local, industrialização e da soberania económica.

O projeto de PSA preconiza a produção de 53 milhões de megajoules de gás natural por ano, que irá materializar a implementação da Central Térmica de Temane (CTT), e a produção de quatro mil barris de petróleo leve por dia, segundo dados do Governo moçambicano.

A CTT terá capacidade para produzir 450 megawatts de energia elétrica e a unidade de processamento 30 mil toneladas anuais de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL).

“Estamos a transformar o gás em desenvolvimento, gás em indústria, gás em empregos e gás em dignidade para o povo moçambicano. É isto que significa construir os alicerces da Independência Económica”, disse Chapo, reiterando que a medida parte por “deixar para trás, sem que ninguém seja deixado atrás”, a lógica do país que exporta matéria-prima e importa produtos acabados.

O governante afirmou que, com a nova indústria, Moçambique dá um “passo decisivo” na concretização da visão estratégica que tem vindo a ser construida para o país, que é a de “transformar localmente os (…) recursos naturais, gerar mais valor em território nacional e reforçar a soberania energética”.

A nova unidade vai permitir ao país reduzir em 70% a dependência de importações deste produto, aumentar a disponibilidade de combustíveis no mercado interno e gerar novas oportunidades de negócio e emprego no setor energético, segundo o Governo moçambicano.

“Fazemos esta inauguração no ano em que Moçambique celebra 50 anos de independência nacional — meio século de construção da liberdade, da dignidade e da soberania, um marco decisivo na edificação dos alicerces da independência económica, objectivo central do presente ciclo de governação”, assinalou Chapo.

Para o chefe de Estado, a implementação do projeto de construção da infraestrutura, em conjunto com a sul-africana Sasol, que anunciou no início de novembro que tinha feito o carregamento experimental do primeiro lote de GPL, conhecido como gás doméstico, em Moçambique, veio provar que uma parceria responsável pode gerar resultados transformadores para a economia e para as comunidades locais.

“Esta obra demonstra que quando há disciplina, responsabilidade, competência e respeito mútuo, o país avança, Moçambique avança e os povos avançam. Aqui, importa referir que a parceria só é válida quando serve o interesse nacional”, explicou o Presidente de Moçambique, avançando que “a produção só é relevante quando transforma a vida do povo e a energia só tem sentido quando chega aos lares, às fábricas, às escolas, aos hospitais e às comunidades locais”.

Segundo Daniel Chapo, o empreendimento integra a visão mais ampla de transformação estrutural da economia nacional, ao assegurar o gás para a indústria, expansão petroquímica, produção de fertilizantes, energia para agro-transformação, corredores industriais modernos, além da criação de empregos qualificados, principalmente para jovens e mulheres.

A primeira pedra da unidade foi lançada em 2022 e o Governo moçambicano chegou a estimar anteriormente para 2024 o início da produção naquela unidade, adiado depois para março e mais tarde para novembro deste ano.

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