EXÉRCITO ASSUME PODER NA TAILÂNDIA

tailandiaO novo regime militar, no poder na Tailândia, proibiu hoje qualquer reunião de mais de cinco pessoas “por razões políticas”, algumas horas depois de anunciado o golpe de Estado no país.
As autoridades impuseram o recolher obrigatório, em vigor entre a noite de hoje e sexta-feira.
“Quem violar esta proibição pode ser condenado a um de prisão, dez mil bahts (220 euros) de multa, ou ambos”, anunciou um porta-voz do exército na televisão tailandesa.
O primeiro-ministro deposto, Niwattumrong Boonsongpaisan, e os restantes membros do executivo receberam ordens para se apresentarem, até ao fim do dia, às chefias do novo regime, que assumiu a identificação de Conselho para a manutenção da paz e da ordem. O exército ordenou também aos manifestantes pró (“camisas vermelhas”) e contra o Governo, acampados em Banguecoque, para regressarem a casa.
Os militares suspenderam a Constituição, demitiram o Governo, mas mantiveram o Senado em funções.
Após menos de três dias de lei marcial, destinada a forçar os atores civis da crise política ao diálogo, de acordo com o exército, o general Prayut Chan-O-Cha comunicou, pela televisão, a necessidade do golpe de Estado “para que o país regresse à normalidade”.
O general do exército denunciou a violência no país, que causou 28 mortos desde o início da crise no outono passado, na maior parte dos casos devido a tiroteios ou explosão de granadas em Banguecoque, para reprimir manifestações.
“Todos os tailandeses devem permanecer calmos e os funcionários [públicos] devem continuar a trabalhar como habitualmente”, acrescentou.
Todas as televisões e rádios tiveram de interromper a programação e difundir os boletins do novo regime militar. “Para dar informações exatas à população”, leu um porta-voz militar na televisão, que só difunde imagens de fotografias de militares sobre fundo branco entre dois comunicados lidos por um militar.
A Tailândia conheceu 18 golpes de Estado ou tentativas fracassadas ao longo de 80 anos. O último, em 2006, contra o antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra (atualmente no exílio) desencadeou uma série de crises políticas que levou à rua, alternadamente, os inimigos e apoiantes do milionário, que continua a ser um fator de divisão do país.
O episódio atual começou no outono com manifestações a exigir a saída da irmã de Thaksin, primeira-ministra desde 2011. Yingluck foi destituída pelo Tribunal Constitucional no início do mês, mas o Governo interino, contestado pela oposição, sobreviveu.
O golpe de Estado foi anunciado duas horas depois do reinício das negociações entre partidos políticos, inimigos e apoiantes dos manifestantes, num complexo militar na capital, sob alta vigilância.
Os “camisas vermelhas”, poderoso movimento pró-governamental cujos apoiantes se manifestam numa periferia de Banguecoque, poderá reagir, apesar da dispersão dos seus elementos.
Durante as negociações, o líder dos “camisas vermelhas”, composto pelas massas rurais e urbanas desfavorecidas do norte e nordeste do país, propôs a realização de um referendo sobre a melhor opção de saída da crise.
Os apoiantes do Governo insistiram na rápida realização de eleições, já que as de fevereiro foram invalidadas pela justiça por terem sido perturbadas pelos manifestantes anti-governo, que reclamam um primeiro-ministro neutro, nomeado pelo Senado, na ausência da câmara baixa do parlamento, dissolvida em dezembro.