
Um estudo da Universidade do Minho indica que a reação de amor imediato para com um recém-nascido é mais comum no pai, pois as dores do parto interferem na disponibilidade da mãe, para se ligar afetivamente ao bebé.
O estudo “Mães e Pais – Envolvimento Emocional com o Bebé”, da investigadora da Escola de Psicologia do Minho, Barbara Figueiredo, contraria a tese de que o amor da mãe com o filho, nem sempre é instantâneo, pois neste trabalho, que envolveu mil progenitores, a reação de amor imediato é, de facto, mais comum nos homens do que nas mulheres.
O parto influencia, segundo aquele estudo, a ligação da mulher ao recém-nascido, pois a dor sentida durante este processo interfere no estado emocional da mãe após o parto, bem como na sua disponibilidade para se ligar afetivamente ao bebé.
A “intensidade” da dor durante o trabalho de parto e logo a seguir é, reflete o texto, “um dos fatores mais determinantes para o envolvimento emocional inicial” pelo que “quanto maiores são os níveis de dor, menor é o vínculo estabelecido ao 3º e 5º dias”.
As conclusões da investigadora contrariam, assim a crença que apontam que o amor da mãe pelo filho são instantâneos, apesar de afirmar que enquanto para algumas é imediato, para outras nem tanto. Temos fortes indicações para pensar que a ligação efetiva da mãe ao bebé se faz de um modo relativamente gradual, pois trata-se de um processo de adaptação mútuo que pode ser complicado ou facilitado dependendo de várias fatores como o desenrolar da gravidez e do parto.
Doutorada em Psicologia Clínica pela Universidade do Minho (UMinho), Bárbara Figueiredo é professora nesta instituição há 22 anos, tendo coordenado inúmeros projetos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Bial e é ainda a responsável pela Unidade de Estudos da Família e Intervenção do Centro de Investigação em Psicologia e membro do Serviço de Psicologia da UMinho.